27.10.08

Resumo do Evangelho de Marcos

UCP-Faculdade de Teologia Evangelhos Sinópticos
Mestrado Integrado em Teologia Manuel André José Charumbo
Nº110104529



EVANGELHO SEGUNDO MARCOS

Ao sintetizar o evangelho segundo Marcos, compreendo que o evangelho é fundamentalmente uma narração da paixão de Jesus Cristo (tendo presente a sua densidade histórica) precedida de uma introdução. Ao notarmos no evangelho, as repetidas condenações a morte, sentenciadas pela hierarquia judaica, percebemos que o caminho de Jesus é continuamente marcado por este drama: a paixão, e este peregrinar termina em Jerusalém com a cruz e ressurreição.

O evangelista faz uma caminhada com o leitor entre dúvidas, perguntas sem resposta, com certas ironias as vezes, ou seja, deixa-o em suspense, mas sempre com o objectivo de o atrair para um final inédito.

O evangelista Marcos antepõe a actuação de João Baptista a acção de Jesus. O evangelho segundo Marcos apresenta momentos fortes que nos sugeri ser um texto dramático: o relato começa com o entusiasmo da multidão na Galiléia, que desenrola-se através das incertezas de crise e ruptura e culmina com a catástrofe de Jerusalém

Podemos fotografar estes momentos chave com uma introdução que liga a actividade de Jesus com a de João Baptista e com o baptismo e aí encontramos também a primeira revelação da identidade de Jesus: ele é o Filho amado (1,11) e seguidamente a acção inaugural do anúncio solene do reino de Deus. Dois episódios muito significativos marcam as etapas seguintes da trajectória evangélica: a rejeição de Jesus de Nazaré e a proclamação messiânica em Cesaréia de Felipe (6,1-8,30). A parte central do evangelho é-nos narrada de forma vistosa: Jesus deixa a Galiléia e encaminha-se para Jerusalém; anuncia a morte e a ressurreição do Filho do Homem (8,31-10,52). O drama termina na condenação e morte violeta de Jesus Cristo (14-15).

O evangelista Marcos convida os seus leitores a superar uma fé ainda muito superficial e insegura (4,40; 6,49.52), revela quem é Jesus (1,1.11), ser discípulo de Jesus e assumir a cruz são coisas inseparáveis. O evangelho é encerrado por este momento «Filho de Deus», que é formulado no momento culminante da paixão, sobre a colina do Gólgota, pelo centurião que assiste à morte de Jesus: «Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus» (15,39), Assim o evangelista dá plena justificação à solene introdução: «Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus» (1,1).

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