13.10.08

VI – A temporalidade em Lc 9, 1-6

VI – A temporalidade em Lc 9, 1-6
1Tendo convocado os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios e para curarem doenças. 2Depois, enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os doentes, 3e disse-lhes: «Nada leveis para o caminho: nem cajado, nem alforge, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas. 4Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá até ao vosso regresso. 5Quanto aos que vos não receberem, saí dessa cidade e sacudi o pó dos vossos pés, para servir de testemunho contra eles.» 6Eles puseram-se a caminho e foram de aldeia em aldeia, anunciando a Boa-Nova e realizando curas por toda a parte.

A cena passa-se no geral de forma rápida. Não é contada em muitas palavras, daí que o ênfase vá para o diálogo de Jesus, como momento central, em que a velocidade do relato é de cena, havendo apenas aí um ritmo normal de narração, exactamente devido ao discurso de Jesus na primeira pessoa. Nos restantes versículos (1,2 e 6), a velocidade adoptada é a de sumário. Verifica-se uma aceleração da narrativa e um tempo de discurso breve, percebendo-se ao mesmo tempo que a história contada é mais longa do que isso. Não há desse modo, recurso a grandes pormenores que quebrem este ritmo mais acentuado. Também não há recurso a prolepses ou analepses, pois a estratégia do narrador vai no sentido de ser clara em relação ao que se passa naquele momento presente. A ordem do relato vai de encontro à ordem de sucessão dos acontecimentos, o que indica que para captar o essencial deste acontecimento, basta atender à sua singularidade e normal resolução. O texto é por isso mesmo, singulativo, como algo original, que se basta a si próprio, sem depender de outros, embora esteja em relação com os outros micro relatos.

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