19.12.08

Prolepse e Analepse em S. Marcos e S.Lucas

Prolepse em S. Marcos
Mc 1, 7-8
E pregava assim: «Depois de mim vai chegar outro que é mais forte do que eu, diante do qual não sou digno de me inclinar para lhe desatar as correias das sandálias. Eu baptizei-vos em água, mas Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo.»
Mc 2, 19b-20
Enquanto têm consigo o esposo, não podem jejuar. Dias virão em que o esposo lhes será tirado; e então, nesses dias, hão-de jejuar.»
Mc 8,31
“Começou, depois, a ensinar-lhes que o Filho do Homem tinha de sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, e ser morto e ressuscitar depois de três dias.”

Analepse em S. Marcos
Mc 1, 2-3
Conforme está escrito no profeta Isaías:
Eis que envio à tua frente o meu mensageiro,
a fim de preparar o teu caminho.
Uma voz clama no deserto:
‘Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas.’

Mc 10, 4
Disseram: «Moisés mandou escrever um documento de repúdio e divorciar-se dela.»
Mc 10, 19
Sabes os mandamentos: Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes, honra teu pai e tua mãe.»
Prolepse em S. Lucas
Lc 1, 31-33
«Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David, reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.»

Lc 1, 76-77
E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo,
porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos,
para dar a conhecer ao seu povo a salvação
pela remissão dos seus pecados,

Lc 2, 34-35
Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: «Este menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição;uma espada trespassará a tua alma. Assim hão-de revelar-se os pensamentos de muitos corações.»



Analepse em S. Lucas
Lc 2, 22-24
Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: «Todo o primogénito varão será consagrado ao Senhor» e para oferecerem em sacrifício, como se diz na Lei do Senhor, duas rolas ou duas pombas.

Lc 4, 17- 19
Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías e, desenrolando-o, deparou com a passagem em que está escrito:
«O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres;
enviou-me a proclamar a libertação aos cativos
e, aos cegos, a recuperação da vista;
a mandar em liberdade os oprimidos,
a proclamar um ano favorável da parte do Senhor.»

Lc 4, 25-27
Posso assegurar-vos, também, que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas sim a uma viúva que vivia em Sarepta de Sídon. Havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi purificado senão o sírio Naaman.»

Prolepse e Analepse em Mateus

Analepse
Evangelho de Mateus

Mt 1, 22-23
“Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão-de chamá-lo Emanuel, que quer dizer: Deus connosco.”

Mt 2, 15
“Assim se cumpriu o que o Senhor anunciou pelo profeta: Do Egipto chamei o meu filho.”
Mt 2, 17-18
“Cumpriu-se, então, o que o profeta Jeremias dissera:
Ouviu-se uma voz em Ramá,
uma lamentação e um grande pranto:
É Raquel que chora os seus filhos
e não quer ser consolada,
porque já não existem.”

Prolepse no Evangelho de Mateus
Mt 17, 22-23
“Estando reunidos na Galileia, Jesus disse-lhes: «O Filho do Homem tem de ser entregue nas mãos dos homens, que o matarão; mas, ao terceiro dia, ressuscitará.» E eles ficaram profundamente consternados.”

Mt 20, 17-19
“Ao subir a Jerusalém, pelo caminho, chamou à parte os Doze e disse-lhes: «Vamos subir a Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei, que o vão condenar à morte. Hão-de entregá-lo aos pagãos, que o vão escarnecer, açoitar e crucificar. Mas Ele ressuscitará ao terceiro dia.»”
Mt 24, 2
Mas Ele disse-lhes: «Vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra: tudo será destruído.»

18.12.08

#ESquema quinário

Esquema quinário

Lc 5, 12-14

Encontrando-se Jesus numa das cidades, apareceu um homem coberto de lepra. Ao ver Jesus, caiu com a face por terra e dirigiu-lhe esta súplica: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me.» Jesus estendeu a mão e tocou-lhe, dizendo: «Quero, fica purificado.» E imediatamente a lepra o deixou. Ordenou-lhe, então, que a ninguém o dissesse; no entanto, acrescentou: «Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés ordenou, para lhe servir de prova.»

Situação inicial: Encontrando-se Jesus numa das cidades

Nó: apareceu um homem coberto de lepra. Ao ver Jesus, caiu com a face por terra e dirigiu-lhe esta súplica: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me.»

Acção Transformadora: Jesus estendeu a mão e tocou-lhe, dizendo: «Quero, fica purificado.»

Desenlace: E imediatamente a lepra o deixou.

Situação final: Ordenou-lhe, então, que a ninguém o dissesse; no entanto, acrescentou: «Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés ordenou, para lhe servir de prova.»

Lucas: Evangelista da Misericórdia

O Evangelista Lucas é, conforme escreveu Dante, “Scriba mansuetudinis Christi”, o escritor da misericórdia de Cristo. Misericórdia que culmina nas palavras dirigidas pelo pai do “filho pródigo” ao filho mais velho, para atenuar a inveja e o ciúme. “‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado.” (Lc 15,31).
Cego de Jericó: Mt 20, 29-35; Mc 10,46-52; Lc 18,35-43

um aspecto distintivo de Mateus em relação aos outros dois Evangelhos sinópticos é que este colocadois cegos a serem curados enquanto que os outros colocam apenas um. o traço especifico de Marcos é que há indicação do nome do cego: Timeu; é comum entre estes Evangelhos a alusão a Jesus como Filho de David. Em Marcos e em Mateus este relato situa-se no ponto culminante da entrada de Jesus em Jerusalém, e em Lucas é o episódio de Zaqueu
milagres em paralelo nos Evangelhos sinópticos:



Multiplicação dos pães – Lc 9, 12 -17 ; Mt 14, 15-21; Mc 6, 35-34

no Evangelho de Mateus este milagre situa-se na sequencia da morte de João Baptista em que Jesus se dirige ao diserto e é seguido pela multidão. No Evangelho de Marcos foi na sequência do desembarque de Jesus, e em Lucas este relato surge também na sequência da morte de João Baptista. Em Marcose em Mateus há referência a cinco mil homens e em Mateus diz-se multidão; em ambos há alusão´ao entardecer e às palavras de Jesus ao discipulos pedindo-os que eles mesmos dessem de comer a esta gente.


cura da sogra de Pedro:
Em Mateus- aparece depois da cura do centurião e antes das condições para seguir Jesus. tem um traço que o distingue dos outros Evangelhos sinópticos, que é a alusão a Pedro e não a Simão.
Em Marcos- aparece antes de Jesus se ter retirado para orar e depois da cura de um possesso na sinagoga de Cafarnaúm. o aspecto específico dele é a referência a André, Tiago e João, e também como em Lucas Jesus não deixa que os demónios falassem.
Em Lucas isto se processa antes de Jesus ter deixado Cafarnaúm e depois da expulsão do demónio em Cafarnaúm
3 Prolepses


Partindo dali, atravessaram a Galileia, e Jesus não queria que ninguém o soubesse, porque ia instruindo os seus discípulos e dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens que o hão-de matar; mas, três dias depois de ser morto, ressuscitará.» Mas eles não entendiam esta linguagem e tinham receio de o interrogar. Mc 9, 30-32


Jesus respondeu: «Poderão os convidados para a boda jejuar enquanto o esposo está com eles? Enquanto têm consigo o esposo, não podem jejuar. Dias virão em que o esposo lhes será tirado; e então, nesses dias, hão-de jejuar.» (Mc 2, 19-20)

E pregava assim: «Depois de mim vai chegar outro que é mais forte do que eu, diante do qual não sou digno de me inclinar para lhe desatar as correias das sandálias. Eu baptizei-vos em água, mas Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo.» Mc 1, 7-8



Analepse

Mc 7, 6-10
Respondeu: «Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Vazio é o culto que me prestam e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos. Descurais o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos homens.» E acrescentou: «Anulais a vosso bel-prazer o mandamento de Deus, para observardes a vossa tradição. Pois Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe; e ainda: Quem amaldiçoar o pai ou a mãe seja punido de morte.


Mc 2, 25-28
Ele disse: «Nunca lestes o que fez David, quando teve necessidade e sentiu fome, ele e os que estavam com ele? Como entrou na casa de Deus, ao tempo do Sumo Sacerdote Abiatar, e comeu os pães da oferenda, que apenas aos sacerdotes era permitido comer, e também os deu aos que estavam com ele?» E disse-lhes: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. O Filho do Homem até do sábado é Senhor.»


Conforme está escrito no profeta Isaías:Eis que envio à tua frente o meu mensageiro,
a fim de preparar o teu caminho.
Uma voz clama no deserto:
‘Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas.(Mc1, 2-3)

Resumo de Marcos

O Evangelho de Marcos é o mais breve e certamente o mais antigo Evangelho e centra-se, essencialmente, na pessoa de Jesus, nos seus ensinamentos e na sua identidade. Marcos não foi uma testemunha directa de Jesus mas terá procurado nas comunidades aquilo que permanecia e era recordado sobre Jesus.
Ao ler este Evangelho somos confrontados com um momento que nos prepara para a vinda d’Aquele que há-de vir à frente e baptizar no Espírito Santo. Vemos, então, João Baptista que aparece a pregar no deserto um baptismo de arrependimento para remissão dos pecados, e acaba por baptizar a Jesus, fazendo-se ouvir a voz de Deus que confirma a missão para a qual enviou o seu Filho muito amado, ao mesmo tempo que se rasgam os céus e a pomba do Espírito Santo pousa sobre Jesus. Este é o sinal de que o Espírito de Deus encarna na humanidade através de Jesus.
Este mesmo Jesus, na sua vida pública, é sujeito às tentações que assolam ainda o homem de hoje e, depois de vencidas, parte para a Galileia onde começa a ensinar e a chamar “pescadores de homens”, disponíveis para o seguir. Este é um elemento importante neste Evangelho de Marcos.
Jesus, que nada fazia sem a oração, para além do ministério da Palavra exerce o ministério da cura, através dos múltiplos milagres que realiza e o tornam ainda mais conhecido e, ao mesmo tempo, muito contestado.
Mas a necessidade de uma confirmação da missão de Jesus reúne os discípulos à sua volta, que o confirmam como o Cristo. É a confissão de Pedro na Cesareia de Filipe que nos traz, deste modo, uma nova intenção do autor nos demonstrar a missão de Jesus. Porém Jesus ralha com Pedro e manda-o fazer silêncio.
No capítulo 8 Jesus começa a ensinar que o Filho do homem deve sofrer, ser rejeitado, morto e, ao terceiro dia, ressuscitar. Este é o ponto central do ensinamento de Jesus.
Nos restantes 8 capitulos somos levados até ao sul, na Judeia. Aqui a incompreensão das gentes e os trágicos acontecimentos de Jerusalém explicam-nos o tipo de Messias que é Jesus de Nazaré. Toda e qualquer dúvida ou ambiguidade é-nos esclarecida quando na Cruz nos deparamos com a derradeira confissão de fé: «Este homem era verdadeiramente o Filho de Deus” (Mc 15,39).
A Ressurreição confirma a verdade desta afirmação enquanto nos indica o caminho da Salvação no projecto de quem se entrega sem reservas, disposto a perder a sua vida.

Esquema Quinário

Mt 4, 17
18Caminhando ao longo do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. 19Disse-lhes: «Vinde comigo e Eu farei de vós pescadores de homens.» 20E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-no. 21Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, os quais, com seu pai, Zebedeu, consertavam as redes, dentro do barco. Chamou-os, e 22eles, deixando no mesmo instante o barco e o pai, seguiram-no.

Situação inicial – vs. 18ª
Nó – Vs. 18b
Acção transformadora – Vs. 19-20
Desenlace – Vs.21
Situação final – Vs.22

Analepses e Prolepses no Evangelho de Marcos

Exemplo de:

Três Prolepses
1- Mc, 1, 7-8
E proclamava: "Depois de mim vem o mais forte do que eu, de quem não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias. Eu vos tenho Baptizado com água. Ele, porém, vos baptizará no Espírito Santo".

2- Mc,2, 18b-2o
"Porque os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e teus discípulos não jejuam? Jesus respondeu:Podem os amigos do noivo jejuar quando o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles não podem jejuar. Dias virão , porém, em que o noivo lhes será tirado ; e então jejuarão naquele dia.

3- Mc, 8, 31-32
E começou a ensinar-lhes: O Filho do Homem deve sofrer muito, ser regeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar". Dizia isto abertamente. Pedro chamando-o de lado, começou a recriminá-lo.

três analepeses

Mc 2, 25-28: Ele disse: «Nunca lestes o que fez David, quando teve necessidade e sentiu fome, ele e os que estavam com ele? Como entrou na casa de Deus, ao tempo do Sumo Sacerdote Abiatar, e comeu os pães da oferenda, que apenas aos sacerdotes era permitido comer, e também os deu aos que estavam com ele?» E disse-lhes: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. O Filho do Homem até do sábado é Senhor.»

Mc 12, 35-37 35: Ensinando no templo, Jesus tomou a palavra e perguntou: «Como dizem os doutores da Lei que o Messias é filho de David? O próprio David afirmou, inspirado pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: ‘Senta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés’. O próprio David chama-lhe Senhor; como é Ele seu filho?» E a numerosa multidão ouvia-o com agrado.

Mc 7, 6-7: E ele, respondendo, disse-lhes: «Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito:Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens».

17.12.08

A hora do leitor =)

"O Leitor é requerido, suposto e esperado pelo próprio texto. Este é uma máquina preguiçosa que pede ao leitor que colabore para preencher uma série de espaços vazios. A preguiça do Texto, isto é, a sua incompletude, permite tornar o acto da leitura numa espécie de pacto: compreender o Texto constitui para o leitor não uma compreensão que lhe seja existencialmente alheia. Compreender é compreender-se diante do Texto."

José Tolentino, A Leitura Infinita, pg.29.


Continuação de Boas Leituras =)

16.12.08

relatos evangélicos

Cura dos endemoninhados – Mt 8, 28-34; Mc 5, 1-5; Lc 8, 27-35
Mateus retrata o chamamento de Jesus da parte do endemoninhado como “Filho de Deus”, ao passo que Lucas e Marcos o designam, como Jesus, Filho de Deus Altíssimo. Mateus fala em dois homens possessos, enquanto Lucas e Marcos falam apenas de um, com vários demónios. Mateus é mais resumido e conciso, não englobando a parte final em que Jesus o envia a anunciar quanto Ele tinha feito por si.

Cura do paralítico – Mt 9, 2-7; Mc 2, 3-12; Lc 5, 18-25
As principais diferenças consistem em que Lucas fala nos fariseus e nos doutores da lei, enquanto Marcos só fala nestes últimos, tal como Mateus, que novamente tem a descrição do relato mais curta. Em segundo lugar, Marcos e Mateus colocam Jesus a chamar “filho” ao paralítico, mas Lucas diz que Jesus lhe chama “homem”. Quanto ao resto os relatos são semelhantes.

Cura de uma hemorroísa – Mt 9, 20-22; Mc 5, 25-29; Lc 8, 43-48
Mateus faz um relato directo, enquanto Lucas e Marcos dizem que Jesus interroga a multidão para saber quem o tinha tocado pois tinha sentido sair dele uma força. Lucas afirma que Jesus diz que foi a fé que salvou a mulher, mas Marcos acrescenta a isso que Jesus disse também: “Vai e sê curada do teu mal”

Cura de um homem com a mão atrofiada – Mt 12, 10-13; Mc 3, 1-5; Lc 6, 6-10
Em Mateus, os fariseus iniciam o diálogo com Jesus questionando-O se se pode curar ao sábado. Jesus responde com o exemplo da ovelha e diz que sim. Já Marcos não coloca os fariseus a falar, mas Jesus responde-lhes por conhecer os seus pensamentos, mas sem utilizar o exemplo da ovelha. Lucas faz o mesmo e apresenta um discurso idêntico no seu todo, em relação a Marcos.

O rapaz epiléptico – Mt 17, 14-18 ; Mc 9, 17-29 ; Lc 9, 38-43
Marcos possui o relato mais detalhado, onde Jesus pergunta há quanto tempo acontece aquilo ao rapaz. Lucas, por sua vez, não relata a ultima parte existente nos outros dois sinópticos, ou seja, não retrata o questionamento dos discípulos a Jesus acerca da razão de não terem conseguido expulsar o demónio. Isto introduz a discussão acerca da fé, ensino acerca da qual, Jesus vai enunciar. Em Marcos, temos nestes versículos detalhes únicos, como a explicação de que o menino após o exorcismo tinha ficado como morto.

Os dois cegos de Jericó – Mt 20, 29-34 ; Mc 10, 46-52 ; Lc 18, 35-43
A grande diferença é a de Mateus que introduz dois homens a serem curados e não apenas um como sugerem Lucas e Marcos. Mateus completa ainda que Jesus teve compaixão pelos cegos, o que é deixado passar ao lado em Lucas e Marcos. A referência a Jesus como o Filho de David é comum nos três. Marcos fala no nome do cego (Timeu) e é o único a dar voz a Jesus no acto de chamar pelo cego que chama por SI.

A tempestade acalmada – Mt 8, 23-27 ; Mc 4, 37-41; Lc 8, 22-25
Neste caso, os relatos são muito precisos e próximos entre si, mas só em Mateus é que os discípulos pedem ao Senhor que os salve. No resto do relato não há grandes alterações gritantes entre os vários relatos sinópticos.

A ressurreição da filha de Jairo – Mt 9, 18-19 ; Mc 5, 22-24 ; Lc 8, 41-42
O relato de Mateus é aqui o mais apressado, enquanto os outros vão mais aos pormenres. A referência ao hebraico só é utilizado em Marcos. Aqui se verifica também muito bem a técnica da Sandwiche em Marcos que vai arrajanar um outro texto que intercala com este, dadas as semelhanças em torno dos 3 evangelhos.

15.12.08

Parábolas





Partilho aqui algo que lia acerca das parábolas de S. Lucas em PARSONS, M., Luke. Storyteller, Interpreter, Evangelist, Massachusetts, Hendrickson, 2007, 113-123. Achei particularmente interessante o facto do autor apresentar as parábolas que considera genuinamente lucanas emparelhando-as duas a duas com uma temática semelhante que me ajudou a olhar com outros olhos para estes pedaços de literatura únicos na história universal. Vale a pena pensar nisto…

1 – O bom samaritano (10,30-35) / o fariseu e o publicano (18,9-14) – o tema da justificação (dikaioo)

2 – O vizinho impertinente (11,5-8) / o juiz injusto (18,1-8) – a persistência

3 – O rico imprudente (12,16-21) / o rico e Lázaro (16,19-31) – a riqueza e o egoísmo

4 – O senhor que regressa (12,36-38) / o administrador desonesto (16,1-9) – um incerto e potencialmente trágico futuro no reencontro dos subalternos com o seu senhor

5 – A figueira estéril (13,6-9) / os filhos perdidos (15,11-32) – falam do arrependimento, têm um final aberto...

O autor acrescenta ainda que nem no caso do homem rico de Lc 18 (contrariamente aos paralelos de Mc e Mt) nem do doutor da Lei de Lc 10, o narrador regista a sua resposta. O potencial do arrependimento para a transformação interior é mantido como uma possibilidade…

27.11.08

As Curas narradas no evangelho e os seus paralelos

 

Lucas 

Mateus 

Marcos 

Cura de um possesso na sinagoga de Cafarnaúm

4,31-37

 

1, 23-28

Cura da Sogra de Pedro 

4, 38-49 

8, 14-17

1, 29-34

Cura de um Leproso 

5, 12-16 

8, 1-4 

1, 40-45 

Cura de um Paralítico 

5, 17-26 

9, 1-8 

2, 1-12 

Cura da mão Paralisada

6, 6-11 

12, 9-14 

3, 1-6 

Cura do servo do centurião 

7, 1-10 

8, 5-13 

 

Ressurreição do filho de uma viúva 

7, 11-17 

  

O possesso de Gerasa 

8, 26-39 

8, 28-34 

5, 1-20 

A filha de Jairo e a mulher com fluxo de sangue 

8, 40-56 

9, 18-26 

5, 21-43 

O jovem epiléptico

9, 37-43

17, 14-20

9, 19-32

Mulher curada ao Sábado

13, 10-17

  

Cura de um hidrópico ao sábado

14, 1-6

12, 9-14

(3, 1-6)

Cura de dez leprosos

17, 11-19

  

Cura do cego de Jericó

18, 35-43

9, 27-31; 20, 29-34

8, 22-26; 10, 46-52

A mulher siro-fenícia

 

15, 21-28 

7, 24-30 

Cura de um possesso

11, 14-23

9, 32-34

3, 22-27; 7, 31-37

Jesus e as multidões

10, 2

9, 35-38

6, 6.34

Curas Junto ao lago

 

15, 29-31

7, 31-37

Curas em Genesaré

 

14, 34-36

6, 53-56

Milagres em paralelo: A sogra de Pedro e outros milagres

Mateus 8, 14-17
Vem depois de: Cura do servo do centurião
Vem antes de: Condições para seguir Jesus
Distingue-se por: É o único que fala em Pedro, em vez de Simão. Mateus serve-se da profecia de Isaías para reforçar que Jesus é o cumprimento das promessas do AT.
Marcos 1, 30-34
Vem depois de: Jesus expulsa um demónio em Cafarnaum
Vem antes de: Jesus retira-se para orar
Distingue-se por: Menciona Simão, André, Tiago e João. Diz que Jesus não deixava que os demónios falassem pois sabiam quem Ele era.
Lucas 4, 38-41
Vem depois de: Jesus expulsa um demónio em Cafarnaum
Vem antes de: Jesus deixa Cafarnaum
Distingue-se por: Diz que Jesus não deixava que os demónios falassem pois sabiam que Ele era o Messias.

Milagres em paralelo: A cura do leproso

Mateus 8, 2-3
Vem depois de: Discurso de Jesus acerca da edificação sobre a rocha
Vem antes de: Cura do servo do centurião
Distingue-se por: É o relato mais breve. Jesus descia do monte. O leproso prostrou-se aos pés de Jesus. Não refere que Jesus pedisse ao paralítico que nada dissesse.

Marcos 1, 40-42
Vem depois de: Jesus retira-se para orar
Vem antes de: Cura do paralítico
Distingue-se por: Não localiza a acção.O leproso caiu de joelhos aos pés de Jesus. Jesus compadece-se e fala em tom severo (os sentimentos de Jesus não são ocultados). Jesus diz ao paralítico que nada conte, mas ele conta e de toda a parte vêm ter com Jesus.

Lucas 5, 12-13
Vem depois de: Pesca milagrosa e Chamamento dos Doze
Vem antes de: Cura do paralítico
Distingue-se por: Jesus encontrava-se numa cidade. O leproso prostrou-se aos pés de Jesus. Jesus ordena ao paralítico que nada diga a ninguém. A fama de Jesus espalhava-se e de todo o lado vinham ter com ele. Jesus retirava-se para lugares desertos.

Milagres em Paralelo: Primeira multiplicação dos pães

Mateus 14, 15-21
Vem depois de: Execução de João Baptista
Vem antes de: Jesus caminha sobre as águas
Distingue-se por: É o relato mais curto. Não refere se se sentam em grupos. Jesus compadece-se da multidão e cura os enfermos.

Marcos 6, 35-44
Vem depois de: Regresso dos Apóstolos
Vem antes de: Jesus caminha sobre as águas
Distingue-se por: Sentam-se em grupos de 100 e 50. Jesus compadece-se da multidão e põe-se a ensinar.

Lucas 9, 12-17
Vem depois de: Missão dos Doze
Vem antes de: Confissão messiânica de Pedro
Distingue-se por: Fala dos Doze; situa a acção em Betsaida; não há referência ao barco ou a estarem perto da água. Sentam-se em grupos de 50. Jesus acolhe a multidão e põe-se a falar do Reino de Deus.

Sinopse dos milagres nos Sinópticos

Sinopse dos milagres de Jesus – principais diferenças entre os relatos sinópticos

Multiplicação dos pães – Lc 9, 12 -17 ; Mt 14, 15-21; Mc 6, 35-34
Mateus apresenta uma narração voltada para Jesus e a sua acção, enquanto Marcos aponta para o papel dos discípulos ao referir que Jesus lhes diz: “Dai-lhes vós de comer”. Marcos é também, neste caso, mais pormenorizado. Também Lucas se assemelha a Marcos neste episódio, em relação a essa frase de Jesus, mas para além disso, é o único a classificar os discípulos como os “Doze”. Fica patente em Marcos e Lucas a incompreensão dos discípulos. Quanto ao processamento do milagre, é idêntico nos três casos.

A cura de um leproso – Mt 8, 2-3; Mc 1, 40-42; Lc 5, 12-13
Mateus refere que o episódio acontece quando Jesus desce da montanha. É dos três, o relato mais simples. Marcos acrescenta que Jesus teve compaixão dele, bem como o facto de que no final, o homem começou a proclamar o que lhe tinha acontecido, ao contrário do que Jesus lhe dissera. Lucas diz que Jesus está numa cidade e que a partir de então, muitos vinham ao seu encontro para serem curados e para o ouvirem.

A sogra de Pedro e diversas curas posteriores– Mt 8, 14-17; Mc 1, 30-34; Lc 4, 38-41
Mateus é extremamente sintético. É um relato flash, mas onde trata Simão por Pedro, o que é único. Depois utiliza um escrito do Antigo Testamento. Marcos não se demora igualmente mas enumera quem acompanha Jesus e pormenoriza o facto de ser Jesus a levantá-la e não ela por si só. Diz também que Jesus proibia os demónios de dizerem quem Ele era. Lucas diz que Jesus se inclinou para ela e que conjurou de forma severa, a febre. Seguidamente, os demónios confessam que Jesus é o Filho de Deus. A cura da sogra de Pedro é o primeiro milagre de Jesus em Marcos e Lucas.

Sinopse dos milagres nos Sinópticos

Sinopse dos milagres de Jesus – principais diferenças entre os relatos sinópticos

Multiplicação dos pães – Lc 9, 12 -17 ; Mt 14, 15-21; Mc 6, 35-34
Mateus apresenta uma narração voltada para Jesus e a sua acção, enquanto Marcos aponta para o papel dos discípulos ao referir que Jesus lhes diz: “Dai-lhes vós de comer”. Marcos é também, neste caso, mais pormenorizado. Também Lucas se assemelha a Marcos neste episódio, em relação a essa frase de Jesus, mas para além disso, é o único a classificar os discípulos como os “Doze”. Fica patente em Marcos e Lucas a incompreensão dos discípulos. Quanto ao processamento do milagre, é idêntico nos três casos.

A cura de um leproso – Mt 8, 2-3; Mc 1, 40-42; Lc 5, 12-13
Mateus refere que o episódio acontece quando Jesus desce da montanha. É dos três, o relato mais simples. Marcos acrescenta que Jesus teve compaixão dele, bem como o facto de que no final, o homem começou a proclamar o que lhe tinha acontecido, ao contrário do que Jesus lhe dissera. Lucas diz que Jesus está numa cidade e que a partir de então, muitos vinham ao seu encontro para serem curados e para o ouvirem.

A sogra de Pedro e diversas curas posteriores– Mt 8, 14-17; Mc 1, 30-34; Lc 4, 38-41
Mateus é extremamente sintético. É um relato flash, mas onde trata Simão por Pedro, o que é único. Depois utiliza um escrito do Antigo Testamento. Marcos não se demora igualmente mas enumera quem acompanha Jesus e pormenoriza o facto de ser Jesus a levantá-la e não ela por si só. Diz também que Jesus proibia os demónios de dizerem quem Ele era. Lucas diz que Jesus se inclinou para ela e que conjurou de forma severa, a febre. Seguidamente, os demónios confessam que Jesus é o Filho de Deus. A cura da sogra de Pedro é o primeiro milagre de Jesus em Marcos e Lucas.