13.10.08

Jesus caminha sobre as águas (Mt 14, 22-33) - A Intriga


Depois, Jesus obrigou os discípulos a embarcar e a ir adiante para a outra margem, enquanto ele despedia as multidões. Logo que as despediu, subiu a um monte para orar na solidão. E chegada a noite, estava ali só. O barco encontrava-se já a várias centenas de metros da terra, açoitado pelas ondas pois o vento era contrário. De madrugada, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. Ao verem-no caminhar sobre o mar, os discípulos assustaram-se e disseram: «É um fantasma!» E gritaram com medo. No mesmo instante, Jesus falou-lhes, dizendo: «Tranquilizai-vos, Sou Eu! Não temais!» Pedro respondeu-lhe: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas.» «Vem» - disse-lhe Jesus. E Pedro, descendo do barco, caminhou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do vento, teve medo e começando a ir ao fundo, gritou: «Salva-me, Senhor!» Imediatamente Jesus estendeu-lhe a mão segurou-o e disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?» E quando entraram no barco, o vento amainou. Os que se encontravam no barco prostraram-se diante de Jesus dizendo: «Tu és realmente o Filho de Deus!»


Uma das formas de olharmos a forma como está construída um relato é usando o sistema quinário. Assim, podemos identificar os seguintes aspectos:
Situação inicial: O barco encontrava-se já a várias centenas de metros da terra, açoitado pelas ondas pois o vento era contrário. De madrugada, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar.
Nó: "Ao verem-no caminhar sobre o mar, os discípulos assustaram-se e disseram: 'É um fantasma!' E gritaram com medo. No mesmo instante, Jesus falou-lhes, dizendo: 'Tranquilizai-vos, Sou Eu! Não temais!' Pedro respondeu-lhe: 'Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas'."
Acção transformadora: "'Vem' - disse-lhe Jesus. E Pedro, descendo do barco, caminhou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do vento, teve medo e começando a ir ao fundo, gritou: 'Salva-me, Senhor!' Imediatamente Jesus estendeu-lhe a mão segurou-o e disse-lhe: 'Homem de pouca fé, porque duvidaste?'"
Desenlace: "E quando entraram no barco, o vento amainou."
Situação final: Os que se encontravam no barco prostraram-se diante de Jesus dizendo: «Tu és realmente o Filho de Deus!»

Podemos também recorrer às modalidades da acção.
Manipulação:
dever/fazer:
«Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas.» - Jesus é quem deve mandar Pedro andar sobre as águas; Mas, sentindo a violência do vento, teve medo e começando a ir ao fundo, gritou: «Salva-me, Senhor!» - Jesus deve salvar Pedro de se afundar.
querer/fazer: «Vem» - disse-lhe Jesus. - Jesus quer e manda Pedro andar sobre as águas; Imediatamente Jesus estendeu-lhe a mão segurou-o. - Jesus quer e salva Pedro de se afundar.

Competência:

saber/fazer; poder/fazer: "Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar."; Jesus mostra saber e ter o poder de andar sobre o mar e, no decorrer do relato, mostra que é ele quem detém o poder de fazer os outros caminhar sobre o mar e é ele também quem liberta Pedro de se afundar porque sabe andar sobre o mar e pode alcançá-lo. Jesus aparece neste relato como aquele que sabe fazer e tem o poder de conseguir que os outros façam.


Resolução ou revelação?

Esta intriga tem os dois aspectos. Numa primeira fase existem acções específicas: Jesus caminha sobre as águas, Jesus faz Pedro caminhar sobre as águas, Jesus tira Pedro das águas, e tempestade amainou... Mas num segundo momento, os discípulos constatam aquilo que o relato tencionava revelar: «Tu és realmente o Filho de Deus!»

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