31.10.08

Prolepses e Analepses

Prolepses

Mc 1, 7-8
E pregava assim: «Depois de mim vai chegar outro que é mais forte do que eu, diante do qual não sou digno de me inclinar para lhe desatar as correias das sandálias. Eu baptizei-vos em água, mas Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo.»

Mc 8, 31
Começou, depois, a ensinar-lhes que o Filho do Homem tinha de sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, e ser morto e ressuscitar depois de três dias.

Mc 9, 30-32
Partindo dali, atravessaram a Galileia, e Jesus não queria que ninguém o soubesse, porque ia instruindo os seus discípulos e dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens que o hão-de matar; mas, três dias depois de ser morto, ressuscitará.» Mas eles não entendiam esta linguagem e tinham receio de o interrogar.

Analepses

Mc 6, 17-29
Na verdade, tinha sido Herodes quem mandara prender João e pô-lo a ferros na prisão, por causa de Herodíade, mulher de Filipe, seu irmão, que ele desposara. Porque João dizia a Herodes: «Não te é lícito ter contigo a mulher do teu irmão.» Herodíade tinha-lhe rancor e queria dar-lhe a morte, mas não podia, porque Herodes temia João e, sabendo que era homem justo e santo, protegia-o; quando o ouvia, ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado. Mas chegou o dia oportuno, quando Herodes, pelo seu aniversário, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e aos principais da Galileia. Tendo entrado e dançado, a filha de Herodíade agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que quiseres e eu to darei.» E acrescentou, jurando: «Dar-te-ei tudo o que me pedires, nem que seja metade do meu reino.» Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei-de pedir?» A mãe respondeu: «A cabeça de João Baptista.» Voltando a entrar apressadamente, fez o seu pedido ao rei, dizendo: «Quero que me dês imediatamente, num prato, a cabeça de João Baptista.» O rei ficou desolado; mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar. Sem demora, mandou um guarda com a ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi e decapitou-o na prisão; depois, trouxe a cabeça num prato e entregou-a à jovem, que a deu à mãe. Tendo conhecimento disto, os discípulos de João foram buscar o seu corpo e depositaram-no num sepulcro.

Mc 7, 6-8
Respondeu: «Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Vazio é o culto que me prestam e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos. Descurais o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos homens.»

Mc 12, 36-37
O próprio David afirmou, inspirado pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: ‘Senta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés’. O próprio David chama-lhe Senhor; como é Ele seu filho?» E a numerosa multidão ouvia-o com agrado.

Prolepses e Analepses


Prolepses:


Mc 8, 31-32: 31Começou, depois, a ensinar-lhes que o Filho do Homem tinha de sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, e ser morto e ressuscitar depois de três dias. 32E dizia claramente estas coisas.

Mc 9, 9-10: Ao descerem do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, senão depois de o Filho do Homem ter ressuscitado dos mortos.
10Eles guardaram a recomendação, discutindo uns com os outros o que seria ressuscitar de entre os mortos.
Mc 10, 35-40: 35Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se dele e disseram: «Mestre, queremos que nos faças o que te pedimos.» 36Disse-lhes: «Que quereis que vos faça?» 37Eles disseram: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda.» 38Jesus respondeu: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu bebo e receber o baptismo com que Eu sou baptizado?» 39Eles disseram: «Podemos, sim.» Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu bebo e sereis baptizados com o baptismo com que Eu sou baptizado; 40mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não pertence a mim concedê-lo: é daqueles para quem está reservado.»

Analepses:

Mc 2, 25-28: Ele disse: «Nunca lestes o que fez David, quando teve necessidade e sentiu fome, ele e os que estavam com ele? 26Como entrou na casa de Deus, ao tempo do Sumo Sacerdote Abiatar, e comeu os pães da oferenda, que apenas aos sacerdotes era permitido comer, e também os deu aos que estavam com ele?» 27E disse-lhes: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. 28O Filho do Homem até do sábado é Senhor.»


Mc 7, 1-7: 1Os fariseus e alguns doutores da Lei vindos de Jerusalém reuniram-se à volta de Jesus, 2e viram que vários dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar. 3É que os fariseus e todos os judeus em geral não comem sem ter lavado e esfregado bem as mãos, conforme a tradição dos antigos; 4ao voltar da praça pública, não comem sem se lavar; e há muitos outros costumes que seguem, por tradição: lavagem das taças, dos jarros e das vasilhas de cobre. 5Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e doutores da Lei: «Porque é que os teus discípulos não obedecem à tradição dos antigos e tomam alimento com as mãos impuras?» 6Respondeu: «Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, quando escreveu:
Este povo honra-me com os lábios,
mas o seu coração está longe de mim.
7Vazio é o culto que me prestam
e as doutrinas que ensinam
não passam de preceitos humanos.


Mc 10, 2-12: 2Aproximaram-se uns fariseus e perguntaram-lhe, para o experimentar, se era lícito ao marido divorciar-se da mulher. 3Ele respondeu-lhes: «Que vos ordenou Moisés?» 4Disseram: «Moisés mandou escrever um documento de repúdio e divorciar-se dela.» 5Jesus retorquiu: «Devido à dureza do vosso coração é que ele vos deixou esse preceito. 6Mas, desde o princípio da criação, Deus fê-los homem e mulher. 7Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, 8e serão os dois um só. Portanto, já não são dois, mas um só. 9Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem.» 10De regresso a casa, de novo os discípulos o interrogaram acerca disto. 11Jesus disse: «Quem se divorciar da sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. 12E se a mulher se divorciar do seu marido e casar com outro, comete adultério.»

Abismo intransponível?


Caros colegas, partilho aqui uma pequena reflexão, muito interessante, do autor japonês Shusaku Endo, acerca da possibilidade de conseguirmos chegar ao verdadeiro Jesus histórico e às suas ipsissima verba. Parece-me simples e bem posta.



«Porém, vendo as coisas friamente, pergunto-me: será possível a alguém escrever a biografia exacta, não só de Jesus mas de qualquer outra pessoa? O biógrafo começa por juntar todo o material possível a seu respeito, mas acontece que a maior parte desse material é composto por impressões de terceiros e, como essas impressões dependem de vários e subjectivos pontos de vista, a única coisas que o biógrafo pode esperar é abordar o biografando pelo prisma de outrem. O mesmo acontece no caso de Jesus. Evidentemente não nos é possível reconstruir a vida de Jesus com absoluta precisão. Nem sequer consignar as Suas acções pela ordem exacta que aconteceram. No entanto, porque será que, lendo o Novo Testamento, temos a percepção de estar diante da imagem viva de Jesus e das pessoas que O rodearam? É porque a imagem de Jesus que nos é transmitida pelo Novo Testamento não é a de Jesus dos factos, mas a de Jesus da verdade

30.10.08

Resumo do Evangelho de Marcos em quase nenhumas palavras... :)

Podemos verificar que a vida de Jesus, em Marcos, é relatada numa gradação de sentido: vejamos o que acontece segundo o espaço e segundo os acontecimentos.
No que diz respeito ao espaço, a história começa com a pregação de João Baptista no Rio Jordão e desenvolve-se durante os primeiros nove capítulos na região da Galileia. Nesta região inicia a sua pregação, chama os seus primeiros discípulos e realiza alguns milagres. Fala-se de sítios concretos, mas sempre com pouca precisão. Vemos referências a Cafarnaum, às duas margens do lago, a Nazaré e às cidades em seu redor, aos territórios judaicos e aos territórios pagãos como Tiro e Sídon. Por fim, regressa e permanece incógnito em Cafarnaum. Os restantes capítulos, encaminham Jesus para Jerusalém, o lugar onde os momentos cruciais da história aconteceram. A começar no capítulo décimo, Jesus sobe a Jerusalém, onde desenvolve muito o seu ministério e onde se dá a Paixão, Morte e Ressurreição. Numa lógica circular, na Sua ascensão, Jesus manda que os discípulos se reagrupem na Galileia.
Segundo os acontecimentos, temos um primeiro momento fundamental, quando Jesus é baptizado por João Baptista e o céu se rasga por cima de si ouvindo-se uma voz que chama Jesus de “o meu Filho muito amado”. Marcos não tem medo de nos dar, logo no início, algumas pistas para a leitura do seu Evangelho. Só depois, entre os capítulos um e oito, nos dará a conhecer a pessoa de Jesus, pelos seus actos e palavras, porque os demónios o conhecem e são por ele silenciados, pela interrogação que causa nos que com ele se cruzam, mesmo os discípulos que se mostram incapazes de o compreenderem. Então, no meio do Evangelho aparece a chave de leitura, colocada na boca de Pedro: “Tu és o Cristo”. Este Evangelho joga muito bem com as transformações. Há sempre uma transformação: como foi com o espaço, agora é na forma como Jesus é olhado e no rumo que levará a sua vida. Ele mesmo anuncia por três vezes que há-de morrer e essa profecia acaba por cumprir-se em Jerusalém onde, depois de instituir a Eucaristia, é traído, preso, condenado e crucificado. Três dias depois, as mulheres encontram o sepulcro vazio. Jesus ressuscitou, também como havia dito.

29.10.08


Uma espécie de Resumo do
Evangelho de S. Marcos

Desde dos princípios da sua narração, caminhando até às últimas páginas, o evangelho de Marcos pretende revelar algo completamente novo e urgente a ser transmitida. É uma narrativa composta por apenas 16 capítulos onde o narrador quer revelar transformações, encontros e revelações acontecidas a pessoas concretas da história na pessoa de Jesus.

O Evangelho começa logo por revelar a missão de João Baptista e qual é a identidade de Jesus que é revelada da voz de Deus no seu baptismo: “«Tu és o meu Filho muito amado, em ti pus todo o meu agrado.» (Mc 1, 11). Sem tempo a perder, Espírito conduz Jesus para o deserto onde ele aí será tentado.

Após estes acontecimentos o narrador conduz o leitor a seguir os acontecimentos de curas, perdões, chamamentos, discursos, discussões com as classes sociais presentes, de forma que o leitor possa ganhar empatia com a pessoa de Jesus e apatia com os que se fazem de inimigos de Jesus. Estes acontecimentos, que nos vão revelando o ministério de Jesus, acontecem na Galileia: Cafarnaum, Nazaré, Gerasa, Genesaré. Durante estas passagens por terras das Galileia o narrador vai dando a perceber os choques e as confusões que Jesus vai tendo com as tradições judaicas.

Após estas visitas na Galileia, Jesus vai caminhando em direcção a Jerusalém. Passando por terra de Tiro, Sidom e Decápole (7, 24-10,52). Encontramos aqui outro clima diferente do anterior. O tempo não parece correr tão rapidamente e o narrador vai fechando o leque de personagens onde muitas vezes aparece apenas Jesus e os seus discípulos. O discurso aqui é mais cuidado e mais comprometedor com a missão de Jesus existindo uma tensão entre o que Jesus quer transmitir e a ignorância dos discípulos que nada conseguem entender. Podemos compreender isto nos três anúncios na sua paixão (Mc 8, 31-33; 9,30-32, 10, 32-34). Estes três aparecem com que a marcar os ritmos e a lembrar qual é a missão de Jesus. Antes destes três anúncios encontramos a confissão de Pedro: «Tu és o Messias.» (Mc 8, 29). Jesus pede silêncio sobre esta afirmação.

Já no capítulo 11 até ao 13 inclusive, encontramos sucessivos confrontos e profecias que são dadas pela boca de Jesus em resposta a falsas perguntas dos fariseus e dos doutores da lei. Quase que podemos dizer que aqui Jesus é visto como um profeta.

Continuando a seguir a estrutura da bíblia dos Capuchinhos entramos agora a última grande parte intitulada por “Paixão e Ressurreição” que começam pelo capítulo 14 até ao fim do evangelho.

A nível de género literário encontramos perante uma narração que comporta uma tenção que foi aos poucos sendo alimentada desde o inicio do evangelho e que encontra aqui o seu máximo. Jesus é agora rejeitado por todos. Ele é gerador de Tenção de Cultura, Religião e Povos. Esta rejeição acontece também a nível dos discípulos, aqueles que viviam mais intimamente a missão de Jesus. (cf. Mc 14, 10-11; 14, 27-31; 66).

Nesta passagem é jogada as posições de Jesus com os Discípulos (ultima ceia, oração de Jesus no Horto,…), com a religião (tribunal judaico cf. Mc 14, 53 ss), com a sociedade (Jesus perante Pilatos (cf. Mc 15, 1-5), “«Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!»” Mc 15, 39).

Jesus é condenado por todos e morre na Cruz onde aí, o que era o segredo Messiânico querido por Jesus durante a sua peregrinação na terra é quebrado pelo centurião que o reconhece publicamente quando este se encontra levantado na Cruz: “«Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!»” Mc 15, 39).

Como cada homem Jesus experimenta também o abandono de Deus, Morre e é sepultado. O capítulo 16 revela um novo dinamismo aquilo que é o comum. Jesus faz-se visivel às mulheres, aos discipulos e faz-se ver na Galileia a Subir aos céus.

E “o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam.” (Mc 16, 20).

28.10.08

Prós e Anas


Proponho aqui três exemplos de prolepses ("antecipações") e analepses ("recuperações"):


Prolepses
(Em todos estes trechos, a referência que é antecipada é a morte e ressurreição de Jesus)


Mc 2,18-20: Estando os discípulos de João e os fariseus a jejuar, vieram dizer-lhe: «Porque é que os discípulos de João e os dos fariseus guardam jejum, e os teus discípulos não jejuam?»
Jesus respondeu: «Poderão os convidados para a boda jejuar enquanto o esposo está com eles? Enquanto têm consigo o esposo, não podem jejuar. Dias virão em que o esposo lhes será tirado; e então, nesses dias, hão-de jejuar.»


Mc 9,31: porque ia instruindo os seus discípulos e dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens que o hão-de matar; mas, três dias depois de ser morto, ressuscitará.»

Mc 10,32-34: Tomando de novo os Doze consigo, começou a dizer-lhes o que lhe ia acontecer: «Eis que subimos a Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei, e eles vão condená-lo à morte e entregá-lo aos gentios. E hão-de escarnecê-lo, cuspir sobre Ele, açoitá-lo e matá-lo. Mas, três dias depois, ressuscitará.»

Analepses

Nesta primeira analepse, o narrador conta, em flashback, a morte de João Baptista:


Mc 6,17-29: Na verdade, tinha sido Herodes quem mandara prender João e pô-lo a ferros na prisão, por causa de Herodíade, mulher de Filipe, seu irmão, que ele desposara.
Porque João dizia a Herodes: «Não te é lícito ter contigo a mulher do teu irmão.» Herodíade tinha-lhe rancor e queria dar-lhe a morte, mas não podia, porque Herodes temia João e, sabendo que era homem justo e santo, protegia-o; quando o ouvia, ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado. Mas chegou o dia oportuno, quando Herodes, pelo seu aniversário, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e aos principais da Galileia. Tendo entrado e dançado, a filha de Herodíade agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que quiseres e eu to darei.» E acrescentou, jurando: «Dar-te-ei tudo o que me pedires, nem que seja metade do meu reino.» Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei-de pedir?» A mãe respondeu: «A cabeça de João Baptista.» Voltando a entrar apressadamente, fez o seu pedido ao rei, dizendo: «Quero que me dês imediatamente, num prato, a cabeça de João Baptista.» O rei ficou desolado; mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar. Sem demora, mandou um guarda com a ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi e decapitou-o na prisão; depois, trouxe a cabeça num prato e entregou-a à jovem, que a deu à mãe. Tendo conhecimento disto, os discípulos de João foram buscar o seu corpo e depositaram-no num sepulcro.


Na segunda analepse, é feita a recordação das palavras de Jesus acerca da traição de Pedro:


Mc 14,71-72: Ele começou, então, a dizer imprecações e a jurar: «Não conheço esse homem de quem falais!» E logo cantou o galo pela segunda vez. Pedro recordou-se, então, das palavras de Jesus: «Antes de o galo cantar duas vezes, tu me terás negado três vezes.» E desatou a chorar.

Nesta última analepse, o narrador marcano cita (a negrito) o profeta Jeremias:


Mc 8,17-19: Ainda não entendestes nem compreendestes? Tendes o vosso coração endurecido? Tendes olhos e não vedes, tendes ouvidos e não ouvis? E não vos lembrais de quantos cestos cheios de pedaços recolhestes, quando parti os cinco pães para aqueles cinco mil?»

Três Prolepses e três analepses

Três Prolepses
1- Pregação de João Baptista, Mc, 1, 7-8
E proclamava: "Depois de mim vem o mais forte do que eu, de quem não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias. Eu vos tenho Baptizado com água. Ele, porém, vos baptizará no Espírito Santo".
2- Debate sobre o jejum, Mc,2, 18b-2o
"Porque os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e teus discípulos não jejuam? Jesus respondeu:Podem os amigos do noivo jejuar quando o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles não podem jejuar. Dias virão , porém, em que o noivo lhes será tirado ; e então jejuarão naquele dia.
3- Primeiro anúncio da Paixão, Mc, 8, 31-32
E começou a ensinar-lhes: O Filho do Homem deve sofrer muito, ser regeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar". Dizia isto abertamente. Pedro chamando-o de lado, começou a recriminá-lo.
Três Analepses
1- Discussão sobre as tradições judaicas Mc, 7, 6-7
Ele, então, disse-lhes: "Bem profetizou Isaias a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: "Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me prestam culto; as doutrinas que ensinam são mandamentos humanos.
2- Ressurreição dos mortos Mc, 12, 18a.26-27
Então foram até Ele alguns saduceus, os quais dizem não haver ressurreição.
Quanto aos mortos que hão de ressurgir, não lestes no livro de Moisés, no trecho sobre a sarça, como Deus lhe disse: "Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob"? Ora, Ele não é Deus de mortos, mas sim de vivos. Errais muito"!
3- Cristo filho e Senhor de David, Mc 12, 35-37
E prosseguiu Jesus ensinando no Templo, dizendo: Como podem os escribas dizer que o Messias é filho deDavid? O próprio David disse, pelo Espírito Santo:
"O Senhor disse ao meu Senhor:
senta-te à minha direita
até que eu ponha os teus inimigos
debaixo dos teus pés".
O próprio David o chama Senhor; como pode então ser seu filho? E a numerosa multidão o escutava com prazer!
Resumo do Evangelho de Marcos

Esta obra de Marcos, em termos de estrutura está dividida em 2 partes, precedidas de uma introdução.

Na introdução(1, 1- 13) encontramos uma espécie de sumário-anúncio, onde se evidencia a tese de que o Evangelho é Jesus Cristo, Messias e Filho de Deus.

Na primeira parte(1, 14-8,30) aparece a noção de que o Evangelho é o próprio Jesus, enquanto Messias que proclama o reino de Deus. Concretamente nesta parte encontramos a actuação de Jesus e a resposta dos fariseus(1, 14-3,6), a actuação de Jesus e a resposta do povo(3, 7-6, 6a), e a actuação de Jesus e a resposta dos discípulos(6, 6b-8, 30).

Na segunda parte o Evangelho aparece como a pessoa de Jesus enquanto Filho de Deus, que morre e ressuscita(8, 31-16,8). Aqui nesta parte deparamo-nos com Jesus que caminhando pela Galileia e Judeia se dirige a Jerusalém, anunciando a sua morte e ressureição(8, 31-10, 52); nos capítulos 11-13 encontramos a sua actividade em Jerusalém antes da paixão, e nos capítulos 14, 1-16,8 encontramos a narração da sua paixão e morte bem como a proclamação da ressureição em Jerusalém.

27.10.08

Resumo do Evangelho segundo São Marcos

Logo no início do seu Evangelho São Marcos começa por falar da preparação do ministério de Jesus, começando pela pregação de João Baptista, sobretudo recorrendo à passagem do livro de Isaías no que se refere ao percursor do Senhor Jesus. Aborda a seguir o Baptismo de Jesus no rio Jordão por João Baptista e as tentações de Satanás no deserto. Ainda no primeiro capítulo e até ao setimo vai desenvolver o ministério de Jesus na Galileia, começando por relatar o início da sua pregação anunciando o Reino de Deus e apelando à conversão; de seguida fala do chamamento dos primeiros discípulos; e depois relata logo a cura de dois milagres por parte de Jesus: um possesso na sinagoga de Cafarnaúm, e da cura da sogra de Simão, e fala ainda de outros milagres. Depois o autor relata uma atitude muito presente nas acções de Jesus, em que se retira para a orar, logo de madrugada. Logo a seguir voltar abordar o tema das curas, como é o caso da cura de um leproso e de um paralítico, falando nesta última do perdão dos pecados. Em seguida, volta a falar do chamamento de discípulos, e desta vez é o caso do chamamento de Levi. Depois começa a abordar a posição de Jesus perante alguns dos temas do judaismo e da lei judaica, como é o caso do jejum, utiliza ainda as expressões velho e novo, para falar da relação entre a lei antiga e a lei nova, fala ainda sobre o sábado, onde defende que foi o sábado que foi feito para o homem e não o homem para o sábado. No início do capítulo três, inicia-se a relatar a cura de uma mão paralizada, e seguidamente fala sobre a relação entre Jesus e as multidões junto ao lago.

RESUMO DO EVANGELHO SEGUNDO SÃO MARCOS

Marcos no seu Evangelho, procura acima de tudo mostrar o lugar que Jesus ocupa, como personagem principal. Apresenta logo de inicio Jesus como a figura principal que vai realizar muitas acções. Escreve o seu Evangelho num estilo simples, directo. Dá-nos um Jesus em directo, a mexer-se, a comer, a curar e a caminhar. Não procura construir comentários sobre Jesus, mas apenas centra-se num essencial, evitando deste modo divagações ou mesmo dispersões. O evangelho de Marcos é de cura, de ressurreições tudo numa linha de dinâmica. O leitor é formado dentro da dinâmica de leitura para ser o discípulo. Nota-se neste evangelho a tematizaçao do espanto, o desconcerto, a dificuldade de perceber melhor por parte dos discípulos, abrindo deste modo espaços de dúvida, que vão acompanhar todo processo programático das acções do próprio Jesus.
O seu Evangelho é muito breve e deixa muitas vezes o leitor em suspanse, numa expectativa eu diria, atento a espera para ver o que vem a seguir, sendo ela uma narrativa veloz tem movimento de aceleração. Esta táctica marcana faz com que o leitor esteja atento ainda que muitas vezes despistado. Marcos no seu Evangelho fala do tempo, como o aqui e agora ou seja, o tempo presente. Que se torna algo de decisivo. É um Evangelho que convida a fazer uma viagem no tempo que esta iminente. As histórias contadas no Evangelho deixam tudo em aberto é aqui que o leitor se interessa mais para ver o final.
O chamamento a segui-lo torna-se um dos seus programas messiânicos. Procura mostrar o destino do homem, a questão da vida e da morte, do bem e do mal. Levantam-se questões, ou seja, fazem-se perguntas, todavia não há respostas. Marcos deste o principio procura dar-nos a verdade acerca de Jesus, e isso, é logo notório na introdução do seu Evangelho. Em Marco o leitor aparece como o beneficiado e mantêm uma certa cumplicidade com o leitor. Jesus é apresentado neste Evangelho como alguém que tem como horizonte preparar os seus discípulos. É nos apresentado em Marcos uma preocupação que é de guardar segredo.
Marcos põe Jesus como o profeta perseguido. É importante referir que a relação com os seus discípulos é feita através de perguntas

Resumo do Evangelho de Marcos

UCP-Faculdade de Teologia Evangelhos Sinópticos
Mestrado Integrado em Teologia Manuel André José Charumbo
Nº110104529



EVANGELHO SEGUNDO MARCOS

Ao sintetizar o evangelho segundo Marcos, compreendo que o evangelho é fundamentalmente uma narração da paixão de Jesus Cristo (tendo presente a sua densidade histórica) precedida de uma introdução. Ao notarmos no evangelho, as repetidas condenações a morte, sentenciadas pela hierarquia judaica, percebemos que o caminho de Jesus é continuamente marcado por este drama: a paixão, e este peregrinar termina em Jerusalém com a cruz e ressurreição.

O evangelista faz uma caminhada com o leitor entre dúvidas, perguntas sem resposta, com certas ironias as vezes, ou seja, deixa-o em suspense, mas sempre com o objectivo de o atrair para um final inédito.

O evangelista Marcos antepõe a actuação de João Baptista a acção de Jesus. O evangelho segundo Marcos apresenta momentos fortes que nos sugeri ser um texto dramático: o relato começa com o entusiasmo da multidão na Galiléia, que desenrola-se através das incertezas de crise e ruptura e culmina com a catástrofe de Jerusalém

Podemos fotografar estes momentos chave com uma introdução que liga a actividade de Jesus com a de João Baptista e com o baptismo e aí encontramos também a primeira revelação da identidade de Jesus: ele é o Filho amado (1,11) e seguidamente a acção inaugural do anúncio solene do reino de Deus. Dois episódios muito significativos marcam as etapas seguintes da trajectória evangélica: a rejeição de Jesus de Nazaré e a proclamação messiânica em Cesaréia de Felipe (6,1-8,30). A parte central do evangelho é-nos narrada de forma vistosa: Jesus deixa a Galiléia e encaminha-se para Jerusalém; anuncia a morte e a ressurreição do Filho do Homem (8,31-10,52). O drama termina na condenação e morte violeta de Jesus Cristo (14-15).

O evangelista Marcos convida os seus leitores a superar uma fé ainda muito superficial e insegura (4,40; 6,49.52), revela quem é Jesus (1,1.11), ser discípulo de Jesus e assumir a cruz são coisas inseparáveis. O evangelho é encerrado por este momento «Filho de Deus», que é formulado no momento culminante da paixão, sobre a colina do Gólgota, pelo centurião que assiste à morte de Jesus: «Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus» (15,39), Assim o evangelista dá plena justificação à solene introdução: «Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus» (1,1).

25.10.08

Resumo do Evangelho de Mateus

RESUMO DO EVANGELHO DE S. MARCOS
Introdução:
Na Bíblia dos Capuchinhos, aquela que utilizo, este Evangelho está dividido em 5+1 partes. Vou adoptar essa mesma divisão para este resumo.
1. PREPARAÇÃO DO MINISTÉRIO DE JESUS
Marcos apresenta o seu Evangelho, onde se propõe falar da vida de Jesus Cristo, filho de Deus, e começa pela história do mensageiro que vem preparar o caminho do Senhor, João Batista. Jesus é baptizado por João e de seguida João é preso. É então que Jesus inicia o seu ministério na Galileia, ensinando (1, 22) “como quem tem autoridade e não como os escribas”. Foi pregando nas sinagogas, onde era surpreendido pela multidão que o seguia (1,38) “vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar, pois foi para isso que saí”. Jesus atraía a multidão e anunciava-lhes a Palavra, e simultaneamente confrontava com os Fariseus, que, a partir de certa altura (3,6) “se reuniram com os herodianos para deliberarem como haviam de condená-lo à morte”. De entre aqueles que o seguiam, Jesus escolhe os seus discípulos em duas fases: primeiro os irmãos Simão e André, e Tiago e João, filhos de Zebedeu (1, 16-20). Mais tarde os restantes 8: André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, Tadeu, Simão e Judas (3, 13-19). Volta a casa e fala da Sua verdadeira família, num discurso teológico onde diz (3,35) “Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe”, dando uma ideia da dimensão transcendente da Sua mensagem e da Sua Pessoa. Recomeça a ensinar à beira-mar e, (4,33-34)”Não lhes falava senão em parábolas; porém aos discípulos explicava tudo em particular”. Estes foram evoluindo de uma atitude de “grande terror” (4,41), para uma atitude de alguma perplexidade, interrogando-se sobre a natureza daquele homem que tinham decidido seguir (4,41). A verdade é que (6, 56) “Quantos O tocavam ficavam curados”. Mas apesar dos milagres extraordinários que ia fazendo por onde passava, (6, 52), “os apóstolos “ainda não tinham compreendido”, pois, na opinião de Marcos, “tinham o espírito empedernido”. Porém Jesus está triste: na sua terra é desprezado (6, 5), e (6,6)“estava admirado com a falta de fé daquela gente”.
Entretanto João Batista é mandado executar por Herodes.
2. VIAGENS EM TIRO E SIDÓNIA E NA DECÁPOLE
É então que Jesus faz aos discípulos o primeiro anúncio da Paixão, e fala das condições para O seguirem (8, 34 – “Se alguém quiser vir a Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me”), não só aos discípulos, como à multidão. Sempre num contexto de deambulação, em que eram realizados muitos milagres, Jesus continua perplexo com a incredulidade daqueles que O seguem (9, 19) “Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando terei de vos suportar?”. Ao mesmo tempo (9, 31) “Ia instruindo os seus discípulos” e fala-lhes da Paixão pela segunda vez. Mas os discípulos (9, 32) que “não compreendiam semelhante linguagem e tinham receio de O interrogar”, continuam sem perceber.
3. SUBIDA PARA JERUSALÉM PELA TRANSJORDÃNIA
Jesus vai para a Judeia e “ensinava como Seu costume”. Confronta de novo os Fariseus e sem hesitar diz-lhes que têm um coração duro (10,5). Esta mensagem é reforçada pelo convívio com as criancinhas e pelo pedido do homem rico que queria alcançar a vida eterna, que levam Jesus a explicar que (10,15)”Quem não receber o reino de Deus como uma criancinha, não entrará nele.” e que “dificilmente entrarão no Reino do Céus aqueles que têm riquezas”. A relação com os discípulos vai-se aprofundando (recompensa do desapego 10, 28-31) e Jesus faz-lhes o 3º anúncio da Paixão. O confronto entre a fé simples do cego de Bartimeu e as exigências dos apóstolos (10, 35-45) mostram como era dura a missão do Filho do Homem, e como era enorme a Sua solidão.
4. MINISTÉRIO DE JESUS EM JERUSALÉM
Depois de uma entrada messiânica em Jerusalém, Jesus entra no Templo e expulsa os vendilhões, o que escandaliza os sacerdotes e os escribas ao ponto de procurarem uma maneira de o “perder”. Mas estes estavam ambivalentes em relação a Jesus pois ao mesmo tempo que o queriam ver morto, temiam-no, pois (11,18)“toda a multidão estava maravilhada com os seus ensinamentos”.
A autoridade de Jesus é sistematicamente questionada pelos fariseus, pelos escribas, pelos anciãos e pelos saduceus, mas Jesus surpreende-os sempre (12,10 –“Não lestes esta passagem da escritura: a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular”. ; 12,13-17 – “(...) Dai pois a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. E ficaram muito admirados”; 12, 27- “Deus não é Deus de mortos mas de vivos”.) Jesus na sua iminente sapiência e justiça, deixa todos estes adversários sem palavras, ao ponto de não ousarem mais interrogá-Lo (12, 34). Este capítulo termina com um discurso apocalíptico de Jesus, onde, depois duma descrição da destruição de Jerusalém e da vinda do Filho do Homem a reunir os seus eleitos, Jesus avisa por diversas vezes (13, 23; 33;35;37;) os seus discípulos que vigiem, que estejam atentos ao que há-de vir.
5. A PAIXÃO E RESSUREIÇÃO DE JESUS
Faltavam apenas 8 dias para a Páscoa e os sacerdotes e escribas tentavam encontrar uma maneira de apanhar Jesus à traição para lhe darem a morte, mas tinham medo do povo. Judas vai então ter com eles e combina uma maneira de O entregar. Mas Jesus, quando estava com os Doze à mesa, antecipou essa terrível traição, o que encheu os discípulos de tristeza e de perplexidade. Já no monte das Oliveiras, Jesus previu também a negação de Pedro, e quer Pedro quer os restantes afirmaram com veemência que mesmo que tivessem de morrer nunca O negariam. A agonia de Jesus em Getsémani é pungente: um Jesus triste, torturado pelo medo e pela angústia, pede clemência ao Pai. A Sua solidão e abandono são terríveis: os apóstolos não o acompanham na sua vigília de oração, adormecendo. Quando a hora tinha chegado, Jesus aproxima-se dos discípulos e ordena-lhes que se levantem porque se aproximava aquele que O iria trair. Judas dá-lhe o beijo traidor e Jesus é preso e levado à presença de um tribunal de Judeus. Este procuravam um testemunho contra Jesus, mas não o encontravam. No fim de ouvirem muitos testemunhos que não eram conclusivos, acabam por considerar que a resposta de Jesus à sua pergunta (14,61)“És tu o Messias, Filho do Deus Bendito?” era uma blasfémia (14,62) e Ele é condenado à morte. Antes de Jesus ser ouvido pelo tribunal romano, Pedro nega-O três vezes, acontecimento que vem adensar o dramatismo deste capítulo. Segue-se a decisão de Pilatos, desejoso de agradar à multidão (15, 10), de O mandar açoitar para ser crucificado. Mateus descreve a humilhação de Jesus (15, 18-19) e as provocações (15, 30-32) que lhe lançam. Chegada a hora nona, um Jesus absolutamente desanimado exclama (15, 34)”Meu Deus, porque Me abandonaste?”, e expira, soltando um grande brado, que leva o centurião a exclamar que (15, 39)“Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus”, o que vem acentuar ainda mais o dramatismo deste capítulo. José de Arimeteia, com muita coragem, pede o corpo de Jesus a Pilatos e deposita-O num sepulcro na rocha, rolando uma pedra contra a porta. Só ele e duas mulheres assistem. Elas vão no “primeiro dia da semana, ao nascer do sol” ao sepulcro para embalsamar Jesus e encontram o sepulcro aberto e um jovem lá sentado que lhes diz que Jesus ressuscitou, e lhes pede que o anunciem aos discípulos e a Pedro, e que se dirijam à Galileia, onde Ele os precederá. Mas as mulheres, cheias de medo, não dizem nada a ninguém.
CONCLUSÃO
(Nota: Primitivamente este evangelho terminava aqui, deixando o leitor na expectativa da vinda do Senhor ressuscitado. O que se segue é um resumo feito depois de terem sido escritos os outros evangelhos.(in Bíblia dos Capuchinhos))
Maria Madalena comunica esta notícia aos discípulos mas eles não acreditam. Jesus volta a aparecer a dois discípulos, mas nem assim eles acreditam. Então Jesus aparece aos 11 quando estavam à mesa. Jesus estava triste com a sua incredulidade, mas mesmo assim manda-os “ir pelo mundo inteiro pregar a Boa Nova a toda a criatura”. Termina com a ascensão de Jesus ao Céu, onde fica sentado à direita do Pai.
Comentário: é um relato maravilhoso, que prende o leitor à figura de Jesus e que evolui num crescendo de intensidade e dramatismo que culmina com o grito de Jesus desanimado, que pergunta ao Pai porque O abandonou. O final desconcertante atribuído a Marcos, só vem reforçar o dramatismo do percurso de Jesus. A conclusão que é acrescentada deixa uma mensagem explícita de esperança.

24.10.08

Resumo do Evangelho de Marcos

Nos Evangelhos Sinópticos, o Evangelho de Marcos é o mais curto e está dividido em cinco secções, como podemos ver na Bíblia dos capuchinhos.
O evangelho e Marcos tem como centro a pessoa e a vida de Jesus Cristo, no seu aspecto messiânico que, no seu Mistério Pascal, demonstrou-nos ser, verdadeiramente, o Filho de Deus.
Este Evangelho, mostra-nos uma cristologia simples e acessível.
Na primeira parte deste Evangelho é-nos relatada a Preparação do ministério de Jesus (1,1-13). Nesta primeira parte, o narrador de Marcos inicia este Evangelho atribuindo-o a pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Aqui o narrador fala sobre a questão messiânica de Jesus, profetizada já, no Antigo Testamento, pelo profeta Isaías, de quem o narrador faz referência neste relato evangélico e que acaba com a ida de Jesus para o deserto.
Na segunda parte, Ministério na Galileia (1,14-15), é-nos relatado a acção transformadora de Jesus. Ele, Jesus, torna público a sua acção messiânica no meio do povo, dando início a sua pregação sobre o Reino de Deus; chamando os discípulos, e fazendo imensas curas. Aqui, também podemos ver um confronto entre Jesus e os demónios, manifestando a sua autoridade sobre eles. Esta parte acaba em (7, 23) com Jesus e as tradições judaicas.
Na terceira parte, as viagens por Tiro, Sídon e a Decápole, Jesus continua a exercer a sua acção messiânica, mediante diversos milagres, curas de Jesus e os desafios provocados pelos fariseus, a Jesus. Depois temos também aqui, o relato da Transfiguração de Jesus que é entendido como sendo sinal de resposta de Deus ao homem, que culmina na voz de Deus que diz: “este é o meu Filho muito amado”. Nesta terceira divisão, podemos ver relatada a profissão de Fé de Pedro em (8, 27-33) que assinala a nova etapa, relativamente a concretização total da missão de Jesus. Segue-se depois mais a frente, de forma intercalada com outros temas sobre Jesus, os três anúncios da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
Na quarta parte (11, 1-11) o narrador fala-nos do início do novo ministério de Jesus com a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, aclamado pelo povo como rei. Ao longo do seu ministério em Jerusalém, Jesus continua a evangelizar por meio de parábolas (1, 12-14) e, por vezes, entra em conflito em determinados momentos, como por exemplo, o conflito com os vendilhões que se encontravam no Templo, no relato da purificação do Templo (1, 15-19) e faz advertências sobre a questão do farisaísmo em relação aos doutores da Lei (1, 38-40). Mais a frente, Jesus faz alguns discursos escatológicos e adverte aos discípulos sobre as suas futuras perseguições. O narrador de Marcos finaliza esta quarta parte com a advertência de Jesus para com os seus discípulos, relativamente à vigilância a ter (13, 33-37).
Na quinta parte deste evangelho de Marcos, o narrador relata-nos a Paixão e Ressurreição de Cristo. O relato começa com a Unção de Betânia, onde nos é contado o episódio sobre a humildade de uma mulher que deu tudo o que possuía para louvar a presença do Senhor. Também nesta parte do Evangelho, o narrador fala-nos da traição de Judas (14, 10-11) e o anúncio da mesma (14, 17-21). Aqui está relatada a Ceia Pascal (14, 12-16), instituição da Eucaristia (14, 22-26) e as negacões de Pedro (14, 27-31). Por fim, o narrador entra no momento fulcral de todo o Mistério Pascal com a oração de Jesus em Getsémani (14, 32-42). Aqui o narrador fala-nos da chegada de Jesus a Getsémani com os seus três discípulos, Pedro, Tiago e João e realça precisamente parte humana de Jesus, pois nota que, no Getsémani, Jesus, quando se deu de conta de que o procuravam para O matar, “começou a sentir pavor e a angustiar-se”. Uma das características de Marcos é a sua insistência nas reacções mundanas de Jesus perante a morte. De seguida, em Marcos, nos é relatado os lugares por onde Jesus foi conduzido pelos soldados romanos, como: o tribunal judaico (14, 53-65); e o tribunal romano (15, 1-5). Depois dá-se lugar aos relatos do espectáculo dramático da Paixão que começa com a eleição de Barrabás pelo povo judeu, dando assim início a Paixão com a coroação de espinhos de Jesus (15, 16-20) e que vai até a sua Morte na cruz (15, 33-41). Por fim, o narrador acaba este evangelho de Marcos com os relatos da ressurreição onde fala das mulheres que vão ate ao sepulcro e são surpreendidas por um jovem que lhes anunciara a ressurreição de Cristo (16, 1-8). Mais a frente, é-nos contado as aparições de Cristo ressuscitado em (16, 9-17). Em suma, esta quinta parte acaba com a Ascensão de Jesus (16, 19-20). Neste relato da Ascensão de Jesus, o narrador conta a subida de Jesus para uma condição sobrenatural e finaliza com a atitude missionária dos discípulos que, pelo Espírito, foram impelidos.

Resumo do Ev de Marcos

O Evangelho de Marcos é o mais breve dos quatro e situa-se no Cânon entre os dois mais extensos Mateus e Lucas e a seguir a Mateus. Marcos foi o primeiro a escrever o Evangelho, Santo Agostinho pensava que o Evangelho de Marcos era um resumo de Mateus e Lucas – por isso, achava que tinha sido o terceiro a ser escrito – é o fundador do género literário Evangelho, hoje, é geralmente considerado o mais antigo dos quatro.
Começa com o baptismo de João (1,4) e termina com a Ascensão do Senhor (16,19).
Podemos dividi-lo em cinco secções:
I. Preparação do ministério de Jesus: (1,1-13);
II. Ministério na Galileia: (1,14-7,23);
III. Viagens por Tiro, Sídon e a Decápole: (7,24-10,52);
IV. Ministério em Jerusalém: (11,1-13,37);
V. Paixão e Ressurreição de Jesus: (14,1-16,20).

O Evangelho é construído a partir do conflito, e nós lemos sem saber o desfecho, ele prende o leitor. Não é um texto de primeiro grau como um jornal, mas sim é como uma ‘novela’, tem vários sentidos e avisa o leitor para ter calma. O Jesus que aparece, é um Jesus cheio de surpresas. No centro do Evangelho está a pessoa de Jesus, sua vida e o projecto messiânico, e está a presença do bem e do mal, da vida e da morte. Ele desmonta as expectativas dos Discípulos e dos leitores, em Mc10,35-45 Jesus troca as voltas aos Discípulos.
Nós sabemos pouco sobre o Evangelho, pois não está assinado. Nós recebemos pela tradição que ele é atribuído a um João Marcos, segundo Papias (1Pe5,13 – Act12,12). Foi escrito para cristãos perseguidos, que viviam em conflito com a sinagoga. A sua finalidade é para ser lido como um relato vocacional, pois era como uma máquina de fazer Discípulos e comunica uma experiência de vida. O Evangelho utiliza a retórica, a parábola, é um género de literatura nova, é uma proclamação de que Jesus é o Cristo, faz uma proclamação narrativa e todas as histórias que conta, transforma o leitor. Marcos tem um plano teológico que é a unidade, é um narrador extra diegético e omnisciente.
É comum afirmar-se que todos os outros Evangelhos, sobretudo os Sinópticos, supõem e utilizaram mais ou menos o texto de Marcos, assim como o seu esquema histórico-geográfico da vida pública de Jesus: Galileia, Viagem para Jerusalém, Jerusalém.
Pode dizer-se, porventura de uma forma demasiado simples, que Marcos se faz espectador com os seus leitores. Como eles, acompanha e vive o drama de Jesus de Nazaré, desenrolado em dois actos, coincidentes com as duas partes deste Evangelho. Ao longo do primeiro, vai-se perguntando: Quem é Ele? Pedro responderá por si e pelos outros, de forma directa e categórica: «Tu és o Messias!» (8,29). O segundo acto pode esquematizar-se com pergunta-resposta: De que maneira se realiza Ele, como Messias? Morrendo e ressuscitando (8,31; 9,31; 10,33-34). O Evangelho de Marcos apresenta-nos, assim, uma Cristologia simples e acessível: Jesus de Nazaré é verdadeiramente o Messias que, com a sua Morte e Ressurreição, demonstrou ser verdadeiramente o Filho de Deus (15,39) que a todos possibilita a salvação. «Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos» (10,45).

O Evangelho segundo São Marcos

Resumindo...

O Evangelho de São Marcos começa pelo anúncio de João Baptista acerca do Messias, seguido do baptismo de Jesus no Jordão, durante o qual se fez ouvir uma voz do Céu que dizia: «Tu é o meu Filho muito amado, em Ti pus toda a minha complacência» (1,11).
Após receber o baptismo e de se ter retirado para o deserto, Jesus vai iniciar o seu ministério na Galileia. Aí, ao mesmo tempo que realiza os seus primeiros milagres de cura, Jesus vai também chamando os seus discípulos e estabelece o grupo dos Doze. Por outro lado, Jesus vai ensinando e pregando à multidão, sobretudo por meio das parábolas, explicando-as depois aos discípulos em particular.

No capítulo 6, encontramos Jesus em Nazaré, onde é mal recebido pelos seus. Mais adiante, vemos Jesus que alimenta cinco mil pessoas multiplicando para elas os poucos pães e peixes de que dispunham. Em seguida, Jesus inicia uma viagem pela região de Tiro e de Sídon. Novamente realizará curas milagrosas, alimentará a multidão e proclamará a vinda do Reino de Deus. Paralelamente, Jesus anuncia aos discípulos por três vezes a sua paixão. De realçar, no capítulo 9, o episódio da transfiguração de Jesus, em que se faz ouvir a voz do Céu: «Este é o meu Filho muito amado. Escutai-o.»

Após este percurso que o leva de Tiro a Jericó, Jesus entra em Jerusalém, onde é solenemente aclamado pela multidão como aquele que traz consigo o Reino de Deus. Se já se registava então alguma tensão com as autoridades judaicas – fariseus em particular – será a partir de agora que o conflito entre eles vai assumir maior dimensão, sobretudo quando Jesus expulsa os vendilhões do templo. Os fariseus procuram pois surpreender Jesus nas suas palavras e nos seus actos. Quanto a Jesus, ele vai denunciando os pecados dos fariseus e continua a revelar a sua própria condição, através de discursos escatológicos, nos quais também prediz a destruição de Jerusalém e a vinda do Filho do Homem, apelando à vigilância até esse dia chegar.

É neste contexto que os judeus planeiam a morte de Jesus, por meio da traição de um dos Doze – Judas Iscariotes. No primeiro dia da Páscoa judaica, Jesus institui na ceia com os Doze a Eucaristia, abençoando o pão e o vinho, afirmando serem o seu próprio corpo e o seu próprio sangue. Após a ceia, dirigem-se para o Monte das Oliveiras, onde Jesus é preso para ser conduzido ao tribunal judaico e depois diante de Pilatos, que, pressionado pela massa popular, decide a sua morte. No dia seguinte, coroado de espinhos, Jesus é pregado e morto na cruz, sendo sepultado pela tarde. Face a Jesus morto na cruz, um dos centuriões romanos não deixará porém de referir: «Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus» (15,39).

Foram algumas mulheres que, indo ao sepulcro, o acharam vazio, encontrando lá apenas um anjo que lhes anuncia que Jesus ressuscitou. Com medo, elas nada contam a ninguém. Foi então por meio das aparições de Jesus que os discípulos souberam da sua ressurreição. Depois de ter subido aos céus, os discípulos começaram a pregar por toda a parte, conforme Jesus lhes mandara.

Resumo do Evangelho de São Marcos

O Evangelho de São Marcos, em linhas gerais, convida o leitor a caminhar com Jesus desde a Galileia até Jerusalém.

Este caminho é marcado por vários conflitos com as Autoridades Judaicas, pelas dúvidas e incompreensões dos Discípulos, pelo triunfo e pelo fracasso.

A preparação desta peregrinação começa com o Baptismo de Jesus por João Batista. Jesus inaugura o seu Ministério na Galileia onde chama os primeiros discípulos, fazendo deles, pescadores de Homens.

Percorrendo as aldeias e povoados da Galileia, Jesus faz algumas curas mostrando a Sua Autoridade e o Seu poder. As pessoas, ao verem Jesus e tudo o que Ele fazia, O aclamavam como o “Filho de Deus” embora Jesus não quisesse que isso se tornasse público. Uma constante neste caminho é o conflito com as instituições Judaicas pois a Mensagem de Jesus colidia com as Leis e costumes judaicos.

Na Galileia, Jesus continua a fazer variadas curas e milagres, chama os Doze dando-lhes indicações práticas sobre a sua missão.

Mas este caminho não se detém na Galileia, Jesus necessita de chegar ao Seu derradeiro destino, à Sua meta. No caminho com os Discípulos escolhidos por Ele, Jesus ensina-os através dos variados Milagres, e dos diálogos, mas os Discípulos para compreender realmente o que Jesus dizia, necessitavam de viver os acontecimentos que iriam acontecer em Jerusalém.

Jesus, entrando na Cidade Santa de David, é aclamado como o Verdadeiro Messias, como a Única e Verdadeira Esperança para todo o povo.

No entanto, em Jerusalém, a Autoridade da Sua Palavra choca com as Autoridades Judaicas, com o Templo, com o Império Romano. Era a altura da Festa da Páscoa que Jesus celebrou com os Discípulos. E inicia-se toda a Paixão de Jesus. A entrega de Jesus por Judas, os Discípulos que adormecem no Getsémani não compreendendo o que Jesus estaria a passar, Jesus perante o Sinédrio e perante Pilatos.

“O Rei dos Judeus” – esta foi a causa da sua condenação. Um dos momentos centrais de todo o Evangelho é a Morte de Jesus, junto da Sua cruz encontrava-se um Centurião Romano, um Pagão que perante a Morte de Jesus, revela o segredo que Jesus procurou guardar em todo o este caminho ao afirmar que Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus.

Após o sepultamento de Jesus, ao chegar o primeiro dia da semana, vemos o verdadeiro triunfo deste caminho: Jesus ressuscita aparecendo a Maria de Magdala, a dois Discípulos e por fim, ao Onze Discípulos. Jesus foi arrebatado ao céu e os Discípulos anunciaram a Palavra e a Vida de Jesus.

Resumo do Evangelho de São Marcos.

Para compreender melhor este Evangelho podemos dividi-lo em cinco partes (a mesma divisão usada pela Bíblia dos capuchinhos):
A primeira parte é a preparação do ministério de Jesus. O evangelista começa por dizer que Jesus, filho de Deus, foi aquele que o profeta Isaías anunciou. De seguida apresenta João Baptista. Refere o Evangelista que João Baptista estava a baptizar quando vem Jesus para ser baptizado. Enquanto João baptizava Jesus eis que desce o espírito santo em forma de pomba. E ouviu-se uma voz que dizia: “este é o meu Filho muito amado”. Esta primeira parte termina com a ida de Jesus para o deserto, onde é tentado pelo demónio. Esta primeira parte vai desde Mc 1, 1-13.
A Segunda parte começa com o inicio do ministério de Jesus na Galileia. Esta Segunda parte começa logo com o chamamento dos discípulos. Passando junto ao mar da Galileia Jesus chama a si alguns para o seguir. Estes deixando tudo seguiram-no. Após o chamamento Jesus começa a ensinar (Mc 1, 21-22) e a curar (Mc 1, 23-28) todos aqueles que necessitavam de médico. Saindo da Sinagoga Jesus cura a sogra de Pedro e após curar retira-se para orar. Todos estes acontecimentos dão-se na Galileia. Após as curas, Jesus começa a ensinar a importância do jejum e do Sábado. Ora é neste contexto que os doutores da lei começam a acusar Jesus. A partir daqui Jesus começa a ensinar através de parábolas. Esta Segunda parte termina com Jesus a perguntar aos fariseus e aos doutores da lei se é mais importante nos prendermos com a tradição ou é fazer a vontade de Deus. Esta segunda parte começa em Mc 1, 14 e termina em Mc 7, 23.
Na terceira parte vamos encontrar as viagens de Jesus por Tiro, Sídon e Decápole. Durante toda esta viagem Jesus continua a curar (Mc 7, 24-34), faz milagres (Mc 8, 1-10) e desafia fariseus e doutores da lei (Mc 8, 11-21). Nesta parte Pedro faz uma confissão de fé, reconhecendo Jesus como Filho de Deus. Em seguida Jesus anuncia a sua paixão. Esta é a primeira das três que acontecem nesta parte do Evangelho de Marcos. É oportuno realçar ainda que em Mc 9, 2-10, Jesus transfigura-se diante de Pedro, Tiago e João num monte elevado. Esta terceira parte termina mais uma vez com um milagre – desta vez a um cego em Jericó. Esta terceira parte começa no cap. 7, 24 e termina em 10, 52.
Na quarta parte Jesus chega a Jerusalém (Mc 11,1 - Mc 13, 37). O Evangelista começa por referir a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém montado num jumentinho e com o povo a aclama-lo. Já na cidade Jesus zanga-se com aqueles que vendiam dentro do templo, dizendo que o templo não é lugar para vender. Depois é questionado pelos sumos sacerdotes, doutores da lei e anciãos acerca da sua autoridade. Como resposta Jesus recorre uma vez mais a parábolas. De saída do templo Jesus anuncia a sua destruição. Já no Monte das Oliveiras Jesus diz aos discípulos que estes serão perseguidos, Jerusalém será destruída e que o Filho do Homem virá de novo.
Nesta quinta e ultima parte (Mc 14, 1 – Mc 16, 20) o Evangelista começa por “escrever” a conspiração dos judeus a Jesus. De Seguida encontramos Jesus em Betânia na casa de Simão o Leproso. É nesta casa que Jesus é ungido por uma mulher. Depois deste micro-relato começamos a entrar nos relatos da paixão propriamente ditos. É iniciado com a traição de Judas, depois temos a preparação da Ceia e a instituição da eucaristia. É nesta ocasião que Jesus refere que alguém o vai trair e que Pedro o vai negar três vezes. Após a Ceia Jesus retira-se para o Getsemani, onde fica em oração. É nesta ocasião que aparece Judas juntamente com os guardas para prender Jesus. Estes levam Jesus até ao sinédrio. Diante de Jesus o sumo sacerdote pergunta-lhe: “És Tu o Messias, o Filho do Deus Bendito?» Jesus respondeu: «Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poder e vir sobre as nuvens do céu.»”. Ouvindo isto todos o Julgaram réu de morte. Enquanto Jesus é julgado, Pedro no pátio nega-o três vezes. Como os Judeus não podiam condena-lo, visto que estavam sob jurisdição dos romanos, levam-no até Pilatos para que este o condenasse como réu de morte. Querendo Pilatos agradar os Judeus solta Barrabás e condena Jesus à morte. É então lhe posto uma coroa de espinhos e de seguida é levado ao calvário. Jesus é então crucificado e morre na cruz. Depois de pedir o corpo de Jesus a Pilatos, José de Arimateia leva o seu corpo a sepultar. No dia seguinte algumas mulheres dirigiram-se ao sepulcro. Ao chegarem não encontram o corpo de Jesus, mas um jovem vestido de branco que lhes diz que Jesus ressuscitou. Com medo e temor elas fogem. Depois destes acontecimentos Jesus aparece a Maria Madalena e a dois discípulos, até finalmente aparecer aos onze. A estes, Jesus pede que anunciem o evangelho a todo o mundo. Após falar, sobe aos céus.

Evangelho segundo São Marcos

O Evangelho segundo São Marcos inicia-se com a preparação do ministério de Jesus (1, 1-13). João Baptista, que pregava no deserto um baptismo de arrependimento para a remissão dos pecados, empresta a sua voz para anunciar a chegada d’Aquele que viria baptizar no Espírito Santo. Numa teofania trinitária que revela o mistério de Jesus, este é baptizado pelo Baptista no Jordão. Depois disto segue para o deserto onde é tentado por Satanás.
Em seguida Jesus inicia o seu Ministério na Galileia (1,14-7,23). Jesus foi para a Galileia e proclamava o Evangelho convidando à conversão e à crença no mesmo Evangelho por Ele pregado. Para o ajudar Jesus chama os doze. Durante o seu ministério na Galileia Jesus realiza várias curas e expulsou inúmeros demónios. Jesus aborda, durante o seu ministério, temas importantes como o jejum e a questão do Sábado. Jesus vai, ainda, falar por meio de inúmeras parábolas àqueles que o acompanhavam.

Depois de Nazaré Jesus inicia um conjunto de viagens por Tiro, Sídon e a Decápole (7,24-10,52). Também durante esta sua viagem Jesus realiza inúmeros milagres e curas. A caminho de Cesareia é-nos dado a conhecer um pouco mais sobre quem é Jesus de Nazaré. Pedro confessa que Jesus é o Messias. Depois desta revelação Jesus começa a dizer aos Apóstolos que terá de sofer, ser rejeitado, morrer e ressuscitar ao terceiro dia. Depois disto Jesus anuncia-lhes a sua Paixão por mais duas vezes ao longo da viagem até Jerusalém onde irá padecer. Explica-lhes, também, quais as condições para o seguir: negar-se a si mesmo, carregar a própria cruz e segui-Lo. A um grupo restrito, Pedro, Tiago e João, Jesus transfigura-se diante deles. Jesus prega o Reino de Deus para os pequeninos, pobres e despreendidos.

Seguindo caminho Jesus chega a Jerusalém e aí inicia novo Ministério (11,1-13,37). Jesus entra em Jerusalém aclamado como Rei. Durante o ministério em Jerusalém Jesus vai entrar em conflito com os doutores da Lei e os escribas e vai repudiar aqueles que vendiam à porta do Templo. Jesus vai continuar a ensinar por meio de inúmeras parábolas. No Monte das Oliveiras com os discípulos Jesus fala-lhes das perseguições que iram sofrer por causa do Seu nome, da vinda do Filho do Homem, bem como da destruição do Templo e sua restauração e da importância de estar atentos pois não se sabe quando irá chegar esse momento.

Por último deparamo-nos com a Paixão e Ressurreição de Jesus (14,1-16,20). Os sumos sacerdotes e os doutores da Lei procuravam motivos para acusarem Jesus de traição e o matarem. Judas vai entregar Jesus aos sumos sacerdotes confiando-lhes o lugar onde se encontrava Jesus. Enquanto Judas o traía, Jesus celebrava com os discípulos a sua Eucaristia. Depois de instituída a Eucaristia e já no Getsémani Jesus coloca-se em oração, preparando-se para se entregar pelos pecados da humanidade. Nisto chegam os guardas e Jesus é preso e levado ante o tribunal judaico, onde Se revela como Messias. Lá fora Pedro nega Jesus três vezes, tal como o Senhor o tinha previsto. Depois de ser manietado Jesus é conduzido a Pilatos que o condena à morte. Começa, então, a sua caminha em direcção ao Calvário: colocam-lhe uma coroa de espinhas, batem-lhe, fazem troça d’ Ele, Jesus carrega a cruz. Jesus é crucificado e morre. Depois de morto Jesus é levado por José de Arimateia e sepulta-o numa rocha. No dia seguinte umas mulheres dirigem-se ao sepulcro e o Senhor não está lá. Um jovem vestido de branco diz-lhes que Jesus tinha ressuscitado. E com medo fogem dali e não contaram a ninguém o sucedido. Jesus aparece a Maria Magdala e ela foi dizer aos que tinham sido seus companheiros. Mas estes não acreditaram. Jesus aparece, então, a dois deles. Foram contar aos outros, mas não acreditaram. Então, Jesus aparece aos Onze quando estavam à mesa e envia-os a anunciar o Evangelho por todo o mundo e a toda a criatura. Depois disto Jesus sobe aos Céus e os discípulos pregam por toda a parte, tendo o Senhor sempre com eles.

23.10.08

Conclusio brevis evangelii Sancti Marci



Divido, como a Bíblia dos Capuchinhos, o Evangelho em cinco secções. A primeira (1,1-13) é preliminar ao ministério de Jesus na Galileia: começa por apresentar Jesus Cristo, Filho de Deus, como aquele que é anunciado pelo profeta Isaías. É apresentado João Baptista, que baptizava no rio Jordão um baptismo de arrependimento dos pecados, e até ele vem Jesus de Nazaré para ser baptizado. Nesse momento, o Espírito desce sobre Ele na forma de uma pomba. Depois de ser baptizado, Jesus vai para o deserto, onde é tentado por Satanás.
De seguida, a segunda parte (1,14-7,23) começa com o ministério de Jesus na Galileia. Passando junto do mar, chama a si como discípulos Pedro, André, Tiago e João, e é na companhia deles que efectua uma série de curas milagrosas. Chama também a si pecadores e publicanos, causando uma série de transtornos aos escribas e doutores da Lei, não só por causa disto, mas também pelos seus ensinamentos acerca do jejum e do sábado. Jesus elege então doze dos seus discípulos para o acompanhar mais de perto e com eles prossegue o seu caminho pela Galileia (apesar de ser rejeitado pelo povo da sua aldeia de Nazaré), pregando, através de ensinamentos e parábolas, fazendo curas e causando um certo escândalo.
Na terceira secção (7,24-10,52), Jesus deixa a Galileia e passa por Tiro, Sídon e Decápole. Nesta viagem, continua a curar, exorcizar e entrar em polémica com os fariseus. Em Cesareia de Filipe, Pedro professa a sua fé em Jesus como o Messias, o qual não aceita porém que os discípulos o digam a alguém. Em seguida, Jesus anuncia pela primeira vez a sua Paixão – irá fazê-lo mais duas vezes no caminho para Jerusalém, destino final do caminho encetado a partir do capítulo 10.
A penúltima parte (11,1-13,17) do Evangelho fala do percurso de Jesus em Jerusalém, começando precisamente pela sua entrada messiânica na cidade, em cima de um jumentinho e aclamado pelo povo. Na cidade, entra em conflito com os vendilhões do templo e com os doutores da Lei e escribas, respondendo às suas perguntas e ensinando, por vezes através de parábolas. É ao sair do templo que Jesus anuncia a sua destruição. No Monte das Oliveiras fala aos discípulos acerca da perseguição futura, da destruição de Jerusalém e da vinda do Filho do Homem.
Na última parte (14,1-16,20), fala-se em primeiro lugar da traição de Judas, que vende aos sumos-sacerdotes a localização de Jesus. Este manda os discípulos prepararem o local onde comeriam os doze a Ceia Pascal. No decorrer da ceia, indica que um deles o trairá; depois, toma e distribui pelos discípulos um pão e um cálice com vinho, dizendo que eram o Seu corpo e o Seu sangue – é a instituição da Eucaristia. Ainda antes do fim da ceia, prediz a dispersão dos apóstolos logo após a sua morte e as três negações de Pedro. Depois de orar no Getsémani, aparecem guardas da parte das autoridades judaicas e prendem Jesus, graças à traição de Judas. Os guardas levam Jesus até ao Sinédrio, perante o Sumo-Sacerdote, mantendo-se, de início, em silêncio, até confessar-se como o Messias, Filho de Deus, o que lhe vale ser considerado réu de morte. Jesus é então levado até Pilatos, já que os judeus não tinham poder de o condenar à morte e, entretanto, Pedro nega por três vezes a Jesus. Pilatos, não sem alguma relutância, condena Jesus à morte. É então coroado de espinhos, conduzido até ao Calvário, local da crucifixão, num caminho marcado pelo escárnio quer da parte dos soldados romanos, quer da multidão. Jesus é então crucificado e morre na cruz. José de Arimateia pede a Pilatos o Seu corpo e deposita-o num sepulcro. No dia seguinte, algumas mulheres dirigem-se ao sepulcro mas não encontram o Seu corpo: um jovem vestido de branco diz-lhes que Jesus ressuscitou. Cheias de temor, fogem. Depois disto, Jesus ressuscitado aparece a Maria Madalena e a dois discípulos, até finalmente aparecer aos onze discípulos, ordenando-lhes que fossem pelo mundo inteiro a pregar o evangelho; depois de o dizer, sobe ao Céu e os discípulos partem para pregar por toda a parte.

RESUMO DO EVANGELHO SEGUNDO SÃO MARCOS


Marcos é o mais curto dos outros Evangelhos e, provavelmente, o mais antigo. Os autores de Mateus e Lucas conheciam-no e terão aproveitado muitas das suas informações. É seu autor, segundo antiquíssima tradição, João Marcos, filho de Maria, em cuja casa os cristãos de Jerusalém se reuniam para orar (Act 12,12). Não temos uma informação de quando foi escrito e a sua situação geográfica. As únicas informações que temos são de Papias e a tese de Flávio Josefo. Estima-se que foi redigido pouco antes da destruição de Jerusalém (ano 70). Discípulo de Paulo, durante algum tempo, passou depois a acompanhar Pedro, cuja pregação em boa parte reproduz. É o Evangelho mais curto em extensão, o menos cuidado literariamente e o mais vivo na discrição dos acontecimentos, o que explica o maior uso que, sobretudo no passado, a Igreja fez dele, logo a seguir ao de Mateus. Quando lemos este Evangelho, não sabemos como será o seu desfecho. Surpreende-nos, tem vários graus, ou seja, vários sentidos de significado, tem lacunas, tem imensa ironia. Este Evangelho está marcado pela dialéctica: expectativa-transformação.
O personagem mais surpreendente deste Evangelho é Jesus. Este Jesus é um Jesus da surpresa. Mais do que em qualquer outro Evangelho, Jesus, «Filho de Deus» (Mc 1,1.11; 9,7; 15,39), revela-se profundamente humano, de contrastes por vezes desconcertante. É acessível (8,1-3) e distante (4,38-39); acarinha (10,16) e repele (8,12-13); impõe segredo acerca da sua pessoa e do bem que faz e manda apregoar o benefício recebido. Este Jesus, tão simples e humano, é também exigente para com seus discípulos. Desde o início da sua pregação (1,14), arrasta as multidões atrás de si e alguns seguem-no (1,16-22). Porém, a pessoa de Jesus é essencialmente misteriosa, para o seguir, por isso, a incompreensão é uma das características dos discípulos. Este Evangelho é um grande relato vocacional – “como fazer os discípulos”. É e não, ao mesmo tempo, um relato de biografia. Tem algo trágico “Paixão de Cristo”, mas a tragedia não é valorizado neste Evangelho, porque não é do mesmo significado e finalidade da tragédia grega. Mais do que um comentário homilético é uma proclamação da Palavra.
Marco apresenta-nos, como os outros evangelistas, a pessoa de Jesus e o grupo dos discípulos como primeiro modelo da Igreja. É uma proclamação unitária constante e teológica. O narrador deste Evangelho é extradiegético, omnisciente, marcado pelo cuidado com o seu leitor e não deixa para o fim as partes importantes sobre Jesus. Ele prepara o leitor desde o início até ao fim; até a parte decisiva – (1,1; 9,7). O narrador cria uma boa tensão no leitor, um bom conhecimento para receber a boa mensagem que lê. O leitor comunica-se com o narrador. O leitor faz, entre outras, esta pergunta: “Como vou aderir e acolher Jesus?”
Este Evangelho começa com a pregação de Baptismo, prossegue com o ministério de Jesus Cristo na Galileia, termina com a sua morte e ressurreição. A sua cristologia é simples e acessível, como convinha ao anúncio querigmático a que se destinava: Jesus de Nazaré é o Messias que se revelou Filho de Deus e, com a sua morte e ressurreição, alcançou a salvação dos homens.
RESUMO DO EVANGELHO DE MARCOS
É o segundo dos Evangelhos na ordem tradicional e provavelmente o segundo na data da redacção (há hipótese de ser autêntico a versão aramaica de Mateus, que se perdeu). É seu autor, segundo antiquíssima tradição, João Marcos, filho de Maria, em cuja casa os cristãos de Jerusalém se reuniam para orar (Act 12,12). Não temos uma informação de quando foi escrito e a sua situação geográfica. As únicas informações que temos são de Papias e a tese de Flávio Josefo. Estima-se que foi redigido pouco antes da destruição de Jerusalém (ano 70). Discípulo de Paulo, durante algum tempo, passou depois a acompanhar Pedro, cuja pregação em boa parte reproduz. É o Evangelho mais curto em extensão, o menos cuidado literariamente e o mais vivo na discrição dos acontecimentos, o que explica o maior uso que, sobretudo no passado, a Igreja fez dele, logo a seguir ao de Mateus. Quando lemos este Evangelho, não sabemos qual será o seu desfecho. Surpreende-nos, tem vários graus, ou seja, vários sentidos de significado, tem lacunas, tem imensa ironia. Este Evangelho está marcado pela dialéctica: expectativa-transformação.
O personagem mais surpreendente deste Evangelho é Jesus. Este Jesus é um Jesus da surpresa. Mais do que em qualquer outro Evangelho, Jesus, «Filho de Deus» (Mc 1,1.11; 9,7; 15,39), revela-se profundamente humano, de contrastes por vezes desconcertante. É acessível (8,1-3) e distante (4,38-39); acarinha (10,16) e repele (8,12-13); impõe segredo acerca da sua pessoa e do bem que faz e manda apregoar o benefício recebido. Este Jesus, tão simples e humano, é também exigente para com seus discípulos. Desde o início da sua pregação (1,14), arrasta as multidões atrás de si e alguns seguem-no (1,16-22). Porém, a pessoa de Jesus é essencialmente misteriosa, para o seguir, por isso, a incompreensão é uma das características dos discípulos. Este Evangelho é um grande relato vocacional – “como fazer os discípulos”. É e não, ao mesmo tempo, um relato de biografia. Tem algo trágico “Paixão de Cristo”, mas a tragedia não é valorizado neste Evangelho, porque não é do mesmo significado e finalidade da tragédia grega. Mais do que um comentário homilético é uma proclamação da Palavra.
Marco apresenta-nos, como os outros evangelistas, a pessoa de Jesus e o grupo dos discípulos como primeiro modelo da Igreja. É uma proclamação unitária constante e teológica. O narrador deste Evangelho é extradiegético, omnisciente, marcado pelo cuidado com o seu leitor e não deixa para o fim as partes importantes sobre Jesus. Ele prepara o leitor desde o início até ao fim; até a parte decisiva – (1,1; 9,7). O narrador cria uma boa tensão no leitor, um bom conhecimento para receber a boa mensagem que lê. O leitor comunica-se com o narrador. O leitor faz, entre outras, esta pergunta: “Como vou aderir e acolher Jesus?
Este Evangelho começa com a pregação de Baptismo, prossegue com o ministério de Jesus Cristo na Galileia, termina com a sua morte e ressurreição. A sua cristologia é simples e acessível, como convinha ao anúncio querigmático a que se destinava: Jesus de Nazaré é o Messias que se revelou Filho de Deus e, com a sua morte e ressurreição, alcançou a salvação dos homens.

Resumo do Evangelho de S. Marcos

I- Preparação do ministério de Jesus
O importante nesta primeira parte é o início da pregação de João Baptista proclamando um baptismo de arrependimento para a remissão dos pecados ao qual vinham de todos os lados da Judeia e de Jerusalém. Então, eram baptizados no rio Jordão.
Veio também Jesus, que foi baptizado, mas aqui apareceu a mensagem do céu que se abriu e uma voz se ouviu: "Este é o meu Filho amado, em ti me comprazo".E logo o Espírito conduziu Jesus ao deserto e aí é tentado por Satanaz.
II- O ministério de Jesus na Galileia
Esta parte, que vai dos capítulos 1-7 engloba a inauguração da pregação de Jesus com a importância da palavra: "Cumpriu-se o tempo e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho".
Depois foi a vocação e seguimento dos quatro primeiros discípulos, Simão e André, Tiago e João, seguindo-se diversos trajectos a pé ou por barco, através do mar, onde se vão desenrolando as diversas curas, ou dos espíritos malignos dos endemoninhados ou mesmo curas físicas, como da sogra de Simão, de um leproso, de um paralítico, da vocação e chamada de Levi, da oposição que é feita a Jesus pelos escribas e fariseus em relação à observância dos sábados de que Ele se serve para fazer o bem porque como Ele diz, o Filho do homem é Senhor até do sábado.
São de realçar também a instituição dos doze discípulos, Simão a quem Jesus chamou Pedro, Tiago e seu irmão João, os boanerges ou filhos do trovão, André, Filipe ,Bartolomeu, Mateus, Tiago,filho de Alfeu, Tadeu, Simão o zelota e Judas Iscariot, o que o traiu.
Segue-se o esclarecimento dos verdadeiros parentes de Jesus, o caminhar das multidões atrás dele e a sua prègação em parábolas: do semeador, da semente que germina por si só, do grão de mostarda, que Ele vai explicando depois aos discípulos.
Ocupam lugar de muito relevo o milagre do endemoninhado geraseno, a cura da hemorroissa, a ressureição da filha de Jairo, a visita à sinagoga de Nazaré onde Ele dá por cumprida a palavra de Isaias que acabara de ser lida, a incompreensão dos da sua pátria, a missão dos doze, a notícia da execução de João Baptista, o primeiro milagre da multiplcação do pães, o caminhar de Jesus sobre as águas e novas curas em Genesaré.
Termina este ministério na Galileia com a discussão sobre as tradições farisaicas e o ensinamento sobre o puro e o impuro.
III- Viagens de Jesus fora da Galileia
Começa esta terceira parte com a cura da filha de uma sírio -fenícia, a cura de um surdo-gago e a segunda multiplicação dos pães. Dos sete pães e alguns peixinhos, depois de os ter abençoado mandou que os distribuissem. Eles comeram e ficaram saciados e dos bocados que sobraram, recolheram sete cestos!
Quando os fariseus pedem um sinal do céu, Jesus responde: "Em verdade vos digo a esta geração nenhum sinal será dado".
Ao embarcarem de novo apenas levaram um pão no barco e isso preocupava os discípulos. Jesus apercebendo-se [...], então lhes disse:" Nem assim compreendeis?
Segue-se a cura de um cego em Betsaida, a profissão da fé de Pedro: "Tu és o Cristo",o primeiro anúncio da paixão e as condições para seguir Jesus: "Se alguem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. [...] aquele que se envergonhar de mim e de minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai [...].
A transfiguração é um marco muito importante na vida de Jesus e que ,revelando-se aos três discípulos mais íntimos, ficaram atemorizados e ao mesmo tempo sem perceber o alcance das palavras vindas da nuvem: "Este é o meu Filho amado, ouvi-o".
O episódio da expulsão do espírito do epilético endemoninhado que os discípulos não conseguiram, serviu para lhes dizer: "Essa espécie não pode sair ,a não ser com oração".Dá-se então o segundo anúncio da paixão de Jesus, a discussão de quem seria o maior no seu reino,o escândolo que se pode dar com o nosso comportamento, nomeadamente aos pequeninos, o homem rico que se aproximou de Jesus que embora cumprindo os mandamentos não foi capaz de o seguir por estar preso às riquezas.
Jesus aproveita para falar do desprendimento das riquezas, faz o terceiro anúncio da paixão, respode aos filhos de Zebedeu, de que quem quer ser o maior há-de ser servidor dos outros e a cura do cego à saida de Jericó: "Rabbuni que eu possa ver novamente!" Jesus lhe disse: "Vai, a tua fé te salvou". Ele recuperou a vista e seguia-o no caminho.
IV- O mininistério de Jesus em Jerusalém
A entrada messiânica em Jerusalém com o "Hossana! Bendito o que vem em nome do Senhor"!Hossana no mais alto dos céus! Falava do encantamento da multidão que o recebeu.
Depois, porém, as circunstâncias se vão modificando, os vendedores expulsos do templo, os chefes dos sacerdotes e os escribas ouvindo isso, colocaram-no em causa e procuravam como o matariam pondo em questão a autoridade de Jesus
Então Ele falou da parábola dos vinhateiros homicidas, do imposto a César, da ressurreição dos mortos, do primeiro mandamento da lei, de Cristo filho e Senhor de David, do óbulo da viuva e faz um discurso escatológico:"[...]Sereis odiados por todos por causa do meu nome. Aquele porém que perseverar até ao fim, esse será savo.
Falou depois na grande tribulação de Jerusalém, na manifestação gloriosa do Filho do Homem, na parábola da figueira e no vigiar para não ser surpreendido.
V- A paixão e a ressurreição de Jesus
Começa nesta parte a conspiração final contra Jesus, Jesus vai a Betânia e aí é ungido, a traição de Judas, o anúncio desta traição, a instituição da Eucaristia, a predição da negação dePedro, a oração de Jesus em Jetsemani ,a prisão de Jesus e Jesus perante o Sinédrio.
No sinédrio, o Sumo Sacerdoteinterroga-o: És tu o Messias o Filho do Deus Bendito? Jesus respondeu: Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poderoso e vindo com as nuvens do céu. E todos o julgaram réu de morte.
Pedro o nega três vezes e Jesus é posto perante Pilatos que embora reconhecendo a sua inoçência manda-o crucificar conforme pedido da multidão incitada pelos chefes dos sacerdotes,fariseus e escribas.
Segue-se a coroação de espinhos, o caminho com a cruz para o calvário e aí é cruçificado, escarnecidoe injuriado.
A morte de Jesus ocorre à hora nona e o centurião romano que assiste,tocado pela situação, disse: "Verdadeiramente este homem era o filho de Deus".
As santas mulheres olhavam de longe e assistiram ao sepultamento e à colocação da pedra que fechara a entrada do túmulo.
Após o sábado, no primeiro dia da semana quando voltaram com aromas para ungir Jesus viram a pedra removida e um anjo de túnica branca anuncia-lhes: Ressuscitou, não está aqui mas ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que Ele vos precede na Galileia. Lá o vereis ,como vos tinha dito.

Resumo do Evangelho de San Marco

Resumo do Evangelho de San Marco.

Assim como os outros evangelistas, também San Marco apresenta-nos o Filho de Deus, Jesus Cristo, e os seus primeiros perseguidores como primeiro modelo da Igreja. Este evangelho é considerado o mais corto, muitos historiadores e exegetas dividem o evangelho em duas partes complementarias. Na primeira ajuda-nos a entender quem é Jesus de Nazaré (1, 2-9,10) por meio da professão de fé de Pedro (8, 29) descobrimos Cristo como rei do povo eleito de Deus.

A segunda parte (9,14-16,8) fala da morte de Jesus. Mas a sua ressurreição leva o centurião (15,39) a proclamar a filiação divina de Jesus. Aparece uma cristología simples e acessível mas bem construída. Marcos revela de maneira particular a humanidade de Jesus. A realeza de Jesus é caracterizada pela missão do servo de Deus que ensinará o direito as nações. Estas duas temáticas iram a caracterizar toda a primeira parte do evangelho. Jesus receberá o Espírito sendo o Cristo por excelência. Cristo se encontrará a lutar contra Satanás, o príncipe do mundo para poder estabelecer a sua própria realeza desde a manha do baptismo onde recebera o Espírito Santo (1, 10). Marcos encerrando este prólogo descreve o mistério de Jesus que proclamará o evangelho da Boa Nova, anunciando a proximidade do Reino de Deus (1, 14-15).
Mas a causa do fracasso da sua morte, como descreve o evangelho, se tornará difícil persuadir. No capítulo 1, 21-39 é descrita uma clássica jornada de Jesus em Cafarnaum, onde ensina na sinagoga. Como rei expulsa os espíritos impuros.

Outro aspecto importante da sua missão é curar os espíritos mãos (1, 32-34) que ajuda a descobrir pouco a pouco o mistério da verdadeira identidade de Jesus deixando admirações. Em 2,1. 3,6 está apresentado um primei grupo de pessoas que no confia Nele: escribas e fariseus, que querem tirar-lhe a vida.

Em 3,35 aparecem outros dois grupos de personagens: os primeiros doze discípulos aos quais dará os mesmos seus poderes e os seus próximos que olham para Jesus como um iluminado (3, 20-21), aos quais Jesus dirá que aqueles que fazem a vontade de Deus são os verdadeiros parentes (3, 31-35).

Marcos explicará que o ensinamento de Cristo haverá sob forma de parábolas, daqueles encontramos zinco exemplos (4,3-34). Do mesmo modo encontramos 4 milagres: nos versículos 4, 35-41 a tempestade acalmada; nos versículos 5, 1-20 o exorcismo do possesso da filha de Gerasa. No versículo 5, 21-43 encontramos a ressurreição da filha de Jairo como também o relato da cura da hemorroíssa. Estas manifestações serão fundamentais para mostrar o grupo dos verdadeiros discípulos em oposição à falta de fé dos próximos de Jesus (6, 1-5). No versículo 6, 17-20 Marcos põe em relevo a figura de Heródes respeito de Jesus. Em seguido nos versículos 6, 21-29 decapitação de João Batista.

A multiplicação dos pães e a tempestade acalmada estão fortemente ligadas a cura dos doentes e o ensinamento as multidões (6,35-56). Apesar disto Marcos põe em relevo a incompreensão por parte dos discípulos.

Em 7, 1-8,9 abre-se uma realidade nova: o evangelho levado aos pagãos considerados impuros pelos judeus. Cristo combate as acusações dos fariseus afirmando que Deus olha as intenções do homem e que o mais importante é a pureza do coração (7, 1-23).

Na segunda multiplicação dos pães descobrimos o convite de Jesus ao banquete messiânico feito aos gentios. Isto quer dizer que os pagãos serão chamados a salvação.

A segunda parte do evangelho resulta no estar bem estruturada. Temos dois temas centrais: por um lado Jesus que poderá reinar só passando pela morte; por outro lado as condições requeridas para entrar no reino de Deus. No anunciar a sua Paixão e Ressurreição, Cristo de identifica como Filho do homem que será perseguido. Em toda esta segunda parte do evangelho aparecem as características de Jesus por meio do ensinamento e as curas. É muito importantes também os aspectos morais que aparecem (10,2-12), como também fundamental atitude necessária para poder aceder ao Reino de Deus (10,13-16).

Marcos mais do que dos seus discursos serve-se dos milagres de Jesus para poder mostrar que sobre o mal é o bem quem ganha, deixando-se descobrir a sua verdadeira identidade.
Concluindo, este evangelho é certamente o evangelho onde qualquer verdadeiro cristão se poderá sentir bem retratado.

Resumo do Evangelho de Marcos

Resumo do Evangelho de Marcos


No evangelho de Marcos podemos distinguir seis grandes secções. Na primeira, o autor relata a preparação do ministério de Jesus (1, 1-13). Logo na primeira frase, Marcos apresenta Jesus com dois títulos: “Cristo” e “Filho de Deus”. A seguir é descrita a pregação de João Baptista (1, 1-8). Depois aparece Jesus, que se faz baptizar no Rio Jordão, e do qual a voz divina afirma: «Tu és o meu Filho muito amado, em ti pus toda a minha complacência» (1, 11). Logo, Marcos passa a relatar as tentações no deserto, de forma muito breve (1, 12-13).
A segunda parte apresenta o ministério de Jesus (1, 14-6, 6). A partir de agora, Jesus proclama que o Reino de Deus está próximo (1, 14-15). Aparece, então, a primeira cena em que Jesus é posto em relação com pessoas: trata-se do chamamento dos quatro primeiros discípulos (1, 16-20). Seguidamente, Jesus, acompanhado pelos quatro, entra em Cafarnaum (1, 21-39), cidade situada junto ao lago de Genesaré, e que constitui o centro da actividade do nazareno, por toda a Galileia. O poder de Jesus manifesta-se em todo o espaço: na sinagoga, na casa, na porta da cidade. As curas e os milagres de Jesus, a sua pregação e o ensinamento em parábolas, provocam a adesão das multidões. Mas Jesus, muito prudentemente, evita qualquer tipo de messianismo temporal. Marcos constrói um contraste, uma tensão, entre a popularidade de Jesus e a ordem de guardar o segredo. Apesar disso, esta popularidade provoca a inveja dos fariseus e dos herodianos. Por isso, e pela rejeição dos da sua pátria, Nazaré, Jesus parte para anunciar o evangelho pelas regiões limítrofes (6, 6).
Chegámos, assim, à terceira secção, caracterizada pelas viagens de Jesus com os seus Apóstolos (6, 6-9, 50). Jesus Cristo, a partir de agora, inicia os Doze na missão evangélica, enviando-os para o norte e depois para o oriente, fora da Galileia. Ali se dá a primeira multiplicação dos pães e outros milagres. Quando os discípulos regressam da missão, Jesus convida-os a descansar num lugar tranquilo, e, na margem do lago de Genesaré, realiza a segunda multiplicação dos pães. Os fariseus, no entretanto, não deixam de pô-lo à prova. Em 8, 27-30 encontramos um acontecimento muito importante, quando Pedro, em Cesareia de Filipe, faz a confissão de fé, reconhecendo a divindade de Jesus. Logo a seguir, porém, o Senhor prediz, pela primeira vez, a sua paixão. Começa, assim, a preparar os discípulos ao mistério pascal, embora eles ainda não podem compreender. Emblemática é, neste sentido, a resposta de Jesus a Pedro: «Afasta-te de mim, Satanás, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!». A seguir, Jesus ensina à multidão e aos discípulos quais são as condições para ir atrás dele, no caminho que leva à cruz. Chegamos, então, ao relato da Transfiguração, no qual Marcos vê a manifestação do Messias em toda a sua glória. Descendo da montanha e regressando à Galileia, Jesus opera a cura do epiléptico endemoninhado.
Passamos agora à quarta etapa, em que Jesus está a caminho da Judeia e de Jerusalém (10, 1-12, 44). Encontra-se aqui uma série de ensinamentos sobre os problemas ad vida cristã, sempre em coerência com o caminho pascal: o matrimónio é, assim, apresentado com carácter indissolúvel. Marcos, depois, dá uma lição de humildade, ensinando que há que se tornar pequeno como uma criança para entrar no Reino dos Céus. Seguidamente é tratado o problema das riquezas, explicando que é preciso renunciar aos bens para seguir Jesus, não sendo suficiente o cumprimento da Lei. Jesus começa a insistir na dificuldade de entrar no Reino. O homem é incapaz, pelas suas forças, de chegar até aí; só pode acolher a salvação, como dom divino.
Na quinta secção, o Senhor pronuncia o discurso escatológico (13, 1-37), no qual prediz a destruição de Jerusalém e exorta à vigilância.
Finalmente, o evangelho acaba com a paixão, morte e ressurreição de Jesus (14, 1-16, 20). O Sinédrio decide de matar Jesus; Judas entrega-o aos chefes dos sacerdotes. Na Ultima Ceia o Senhor institui a Eucaristia. No Getsêmani Jesus se prepara, em oração, à vinda dos chefes dos sacerdotes, que o levam ao Sinédrio, para ser interrogado. Em 15, 16-47 desenvolve-se o quadro via sacra, crucifixão e morte, e sepultura. Finalmente, o Anjo aparece às mulheres anunciando-lhes a ressurreição do Senhor.

21.10.08

Texto: Zaqueu, o publicano- Lc 19, 1-919, 1 E, Tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando. 2 E eis que havia ali um homem chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico. 3 E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. 4 E, correndo adiante, subiu a um sicômoro para o ver; porque havia de passar por ali. 5 E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. 6 E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente. 7 E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador. 8 E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. 9 E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.
1- Primeira aproximação
Em relação à construção deste relato podemos perceber o núcleo da mensagem de Lucas, que está nesta visão de salvação como algo universal, tanto para os judeus como para os pagãos, os pecadores e os publicanos. É um relato que foca a atenção na pessoa de Jesus, e a conseqüente adesão a Ele. O narrador aqui ele narra na 3ª pessoa, por isso é extradiegético. Contudo, de certa forma ele se sente implicado com a história e está do lado de Jesus. Ele, não está presente na história, mas ao narrá-la vemos que ele se sente implicado e não é neutro.

2. Os limites do texto
Texto
Mc. 10, 46-52: O cego à saída de Jericó
46Chegaram à Jericó. Ao sair de Jericó com os seus discípulos e grande multidão, estava sentado à beira do caminho, mendigando, o cego Bartimeu, filho de Timeu. 47Quando percebeu que era Jesus, o Nazareno, que passava, começou a gritar: «Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim!». 48E muitos o repreendiam para que se calasse. Ele, porém, gritava mais ainda: «Filho de Davi, tem compaixão de mim!». 49Detendo-se, Jesus disse: «Chamai-o!». Chamaram o cego, dizendo-lhe: «Coragem! Ele te chama. Levanta-te». 50Deixando a sua capa, levantou-se e foi até Jesus. 51Então Jesus lhe disse: «Que queres que eu te faça?». O cego respondeu: «Rabbúni! Que eu possa ver novamente!». 52Jesus lhe disse: «Vai, a tua fé te salvou». No mesmo instante ele recuperou a vista e seguia-o no caminho.

Quanto aos limites do texto, aqui é visto mediante as seguintes categorias: o espaço, o tempo, a mudança de temas e a mudança dos personagens. Ex: no v. 1 notamos que era só Jesus e os discípulos, mas quando chegaram a Jericó deparamo-nos com outros personagens.
Espaço- Jericó, á beira do caminho, no caminho.
Tempo- v. 46-chegando a Jericó, ao sair de Jericó; v. 47-quando percebeu; v. 52- no mesmo instante.
Neste relato, a seqüência narrativa é visível na atitude que o cego de Jericó vai tomando progressivamente, as dissuasões das pessoas suplantada pela sua coragem.

3. Intriga ou trama
Texto
Cura de um cego em Betsaida - Mc 8, 22-2622Então, chegaram a Betsaida; e lhe trouxeram um cego, rogando-lhe que o tocasse.23Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa?24Este, recobrando a vista, respondeu: Vejo os homens, porque como árvores os vejo, andando.25Então, novamente lhe pôs as mãos nos olhos, e ele, passando a ver claramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito.26E mandou-o Jesus embora para casa, recomendando-lhe: Não entres na aldeia.
Equema quinário em Mc 8, 22-26
Situação inicial- 22Então, chegaram a Betsaida;
Nó- 22 e lhe trouxeram um cego, rogando-lhe que o tocasse.
Acção transformadora- 23Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mãos; 24Este, recobrando a vista, respondeu: Vejo os homens, porque como árvores os vejo, andando.25Então, novamente lhe pôs as mãos nos olhos.
Desenlace- 25ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito.
Situação final- 26E mandou-o Jesus embora para casa, recomendando-lhe: Não entres na aldeia.
Modalidades da acção
Aparece neste texto as seguintes modalidades: quere/ fazer- quando trazendo o cego rogam a Jesus que o tocasse. Saber/ fazer- quando Jesus impõe as mãos nos olhos do cego, quando lhe coloca a saliva. Aqui, o sujeito é Jesus e o objecto é o cego que foi curado. Isto trata-se de uma intriga de resolução e ao mesmo tempo de revelação. Pois, Jesus ao curar o cego faz uma acção e ao mesmo tempo revela o poder de Deus.

4. os personagens (Texto: Mc. 10, 46-52: O cego à saída de Jericó)
personagens individuais- Jesus, cego de Betsaida
personagens colectivos- a grande multidão, os discipulos
personagens principais- Jesus, cego de Jericó
personagens secundários- a multidão, os discípulos
oponentes- multidão
adjuvantes- Jesus, aquele que foi chamar o cego pra vir até Jesus.
sujeito é Jesus e o objecto é o cego de Jericó
telling- v. 46 o cego Bartimeu, filho de Timeu.
showing- v. 47«Filho de Davi, tem compaixão de mim!»; 50Deixando a sua capa, levantou-se e foi até Jesus.
Focalização interna- 47Quando percebeu que era Jesus, o Nazareno, que passava, começou a gritar: «Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim!».
Focalização externa- sentado à beira do caminho, mendigando.
Focalização zero- v. 46 o cego Bartimeu, filho de Timeu.

5. o enquadramento (cf. o texto de Mc 10, 46-52 – o cego de Jericó)
Temporal- no v. 52 quando diz “no mesmo instante” quer mostrar esta eficácia da salvação de Deus em relação a este cego.
Espacial- no v. 46, o lugar Jericó é um dado espacial que evoca esta caminhada de Jesus a Jerusalém. O evangelista pretende mostrar que Jesus está perto de Jerusalém, o lugar onde vai ser glorificado.

6- A temporalidade
Lc. 4, 31-37
Jesus ensina em Cafarnaum e cura um endemoninhadoTexto31Desceu então a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e ensinava-os no sábado.32Eles ficavam pasmados com seu ensinamento, porque falava com autoridade.33Achava-se na sinagoga um homem possesso de um espírito de demônio impuro, que se pôs a gritar fortemente:34«Ah! Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para arruinar-nos? Sei quem tu és: o Santo de Deus!»35Mas Jesus o conjurou severamente: «Cala-te e sai deste homem!». E o demónio, lançando-o no meio de todos, saiu sem lhe fazer mal algum.36Todos ficaram grandemente admirados e comentavam entre si, dizendo: Que palavra é esta, pois, com autoridade e poder, ordena aos espíritos imundos, e eles saem?37E a sua fama corria por todos os lugares da circunvizinhança.
pausa descritiva- 33Achava-se na sinagoga um homem possesso de um espírito de demônio impuro.
cena- 35Mas Jesus o conjurou severamente: «Cala-te e sai deste homem!».
sumário- 37E a sua fama corria por todos os lugares da circunvizinhança.
elipse- 36Todos ficaram grandemente admirados e comentavam entre si, dizendo: Que palavra é esta, pois, com autoridade e poder, ordena aos espíritos imundos, e eles saem?
analepse- 36Que palavra é esta, pois, com autoridade e poder, ordena aos espíritos imundos, e eles saem?
prolépse- 34«Ah! Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para arruinar-nos? Sei quem tu és: o Santo de Deus!»

7. A “voz” narrativa (cf. o Texto: Zaqueu, o publicano- Lc 19, 1-9)
A voz narrativa aqui é do evangelista Lucas, que narra na 3ª pessoa, e temos também momentos em que a voz é mesmo de Jesus, por ex: qdo diz “hoje a salvação entrou nesta casa”. Este narrador está sempre preocupado em fornecer ao seu leitor dados sobre os personagens. Por exemplo: quando descreve as características de Zaqueu. Com aquilo que narra pretende despertar no leitor uma abertura de horizontes para ver a universalidade da salvação em Jesus Cristo, concretamente quando insere Zaqueu na classe dos filhos de Abraão.