21.10.08

Texto: Zaqueu, o publicano- Lc 19, 1-919, 1 E, Tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando. 2 E eis que havia ali um homem chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico. 3 E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. 4 E, correndo adiante, subiu a um sicômoro para o ver; porque havia de passar por ali. 5 E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. 6 E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente. 7 E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador. 8 E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. 9 E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.
1- Primeira aproximação
Em relação à construção deste relato podemos perceber o núcleo da mensagem de Lucas, que está nesta visão de salvação como algo universal, tanto para os judeus como para os pagãos, os pecadores e os publicanos. É um relato que foca a atenção na pessoa de Jesus, e a conseqüente adesão a Ele. O narrador aqui ele narra na 3ª pessoa, por isso é extradiegético. Contudo, de certa forma ele se sente implicado com a história e está do lado de Jesus. Ele, não está presente na história, mas ao narrá-la vemos que ele se sente implicado e não é neutro.

2. Os limites do texto
Texto
Mc. 10, 46-52: O cego à saída de Jericó
46Chegaram à Jericó. Ao sair de Jericó com os seus discípulos e grande multidão, estava sentado à beira do caminho, mendigando, o cego Bartimeu, filho de Timeu. 47Quando percebeu que era Jesus, o Nazareno, que passava, começou a gritar: «Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim!». 48E muitos o repreendiam para que se calasse. Ele, porém, gritava mais ainda: «Filho de Davi, tem compaixão de mim!». 49Detendo-se, Jesus disse: «Chamai-o!». Chamaram o cego, dizendo-lhe: «Coragem! Ele te chama. Levanta-te». 50Deixando a sua capa, levantou-se e foi até Jesus. 51Então Jesus lhe disse: «Que queres que eu te faça?». O cego respondeu: «Rabbúni! Que eu possa ver novamente!». 52Jesus lhe disse: «Vai, a tua fé te salvou». No mesmo instante ele recuperou a vista e seguia-o no caminho.

Quanto aos limites do texto, aqui é visto mediante as seguintes categorias: o espaço, o tempo, a mudança de temas e a mudança dos personagens. Ex: no v. 1 notamos que era só Jesus e os discípulos, mas quando chegaram a Jericó deparamo-nos com outros personagens.
Espaço- Jericó, á beira do caminho, no caminho.
Tempo- v. 46-chegando a Jericó, ao sair de Jericó; v. 47-quando percebeu; v. 52- no mesmo instante.
Neste relato, a seqüência narrativa é visível na atitude que o cego de Jericó vai tomando progressivamente, as dissuasões das pessoas suplantada pela sua coragem.

3. Intriga ou trama
Texto
Cura de um cego em Betsaida - Mc 8, 22-2622Então, chegaram a Betsaida; e lhe trouxeram um cego, rogando-lhe que o tocasse.23Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa?24Este, recobrando a vista, respondeu: Vejo os homens, porque como árvores os vejo, andando.25Então, novamente lhe pôs as mãos nos olhos, e ele, passando a ver claramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito.26E mandou-o Jesus embora para casa, recomendando-lhe: Não entres na aldeia.
Equema quinário em Mc 8, 22-26
Situação inicial- 22Então, chegaram a Betsaida;
Nó- 22 e lhe trouxeram um cego, rogando-lhe que o tocasse.
Acção transformadora- 23Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mãos; 24Este, recobrando a vista, respondeu: Vejo os homens, porque como árvores os vejo, andando.25Então, novamente lhe pôs as mãos nos olhos.
Desenlace- 25ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito.
Situação final- 26E mandou-o Jesus embora para casa, recomendando-lhe: Não entres na aldeia.
Modalidades da acção
Aparece neste texto as seguintes modalidades: quere/ fazer- quando trazendo o cego rogam a Jesus que o tocasse. Saber/ fazer- quando Jesus impõe as mãos nos olhos do cego, quando lhe coloca a saliva. Aqui, o sujeito é Jesus e o objecto é o cego que foi curado. Isto trata-se de uma intriga de resolução e ao mesmo tempo de revelação. Pois, Jesus ao curar o cego faz uma acção e ao mesmo tempo revela o poder de Deus.

4. os personagens (Texto: Mc. 10, 46-52: O cego à saída de Jericó)
personagens individuais- Jesus, cego de Betsaida
personagens colectivos- a grande multidão, os discipulos
personagens principais- Jesus, cego de Jericó
personagens secundários- a multidão, os discípulos
oponentes- multidão
adjuvantes- Jesus, aquele que foi chamar o cego pra vir até Jesus.
sujeito é Jesus e o objecto é o cego de Jericó
telling- v. 46 o cego Bartimeu, filho de Timeu.
showing- v. 47«Filho de Davi, tem compaixão de mim!»; 50Deixando a sua capa, levantou-se e foi até Jesus.
Focalização interna- 47Quando percebeu que era Jesus, o Nazareno, que passava, começou a gritar: «Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim!».
Focalização externa- sentado à beira do caminho, mendigando.
Focalização zero- v. 46 o cego Bartimeu, filho de Timeu.

5. o enquadramento (cf. o texto de Mc 10, 46-52 – o cego de Jericó)
Temporal- no v. 52 quando diz “no mesmo instante” quer mostrar esta eficácia da salvação de Deus em relação a este cego.
Espacial- no v. 46, o lugar Jericó é um dado espacial que evoca esta caminhada de Jesus a Jerusalém. O evangelista pretende mostrar que Jesus está perto de Jerusalém, o lugar onde vai ser glorificado.

6- A temporalidade
Lc. 4, 31-37
Jesus ensina em Cafarnaum e cura um endemoninhadoTexto31Desceu então a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e ensinava-os no sábado.32Eles ficavam pasmados com seu ensinamento, porque falava com autoridade.33Achava-se na sinagoga um homem possesso de um espírito de demônio impuro, que se pôs a gritar fortemente:34«Ah! Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para arruinar-nos? Sei quem tu és: o Santo de Deus!»35Mas Jesus o conjurou severamente: «Cala-te e sai deste homem!». E o demónio, lançando-o no meio de todos, saiu sem lhe fazer mal algum.36Todos ficaram grandemente admirados e comentavam entre si, dizendo: Que palavra é esta, pois, com autoridade e poder, ordena aos espíritos imundos, e eles saem?37E a sua fama corria por todos os lugares da circunvizinhança.
pausa descritiva- 33Achava-se na sinagoga um homem possesso de um espírito de demônio impuro.
cena- 35Mas Jesus o conjurou severamente: «Cala-te e sai deste homem!».
sumário- 37E a sua fama corria por todos os lugares da circunvizinhança.
elipse- 36Todos ficaram grandemente admirados e comentavam entre si, dizendo: Que palavra é esta, pois, com autoridade e poder, ordena aos espíritos imundos, e eles saem?
analepse- 36Que palavra é esta, pois, com autoridade e poder, ordena aos espíritos imundos, e eles saem?
prolépse- 34«Ah! Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para arruinar-nos? Sei quem tu és: o Santo de Deus!»

7. A “voz” narrativa (cf. o Texto: Zaqueu, o publicano- Lc 19, 1-9)
A voz narrativa aqui é do evangelista Lucas, que narra na 3ª pessoa, e temos também momentos em que a voz é mesmo de Jesus, por ex: qdo diz “hoje a salvação entrou nesta casa”. Este narrador está sempre preocupado em fornecer ao seu leitor dados sobre os personagens. Por exemplo: quando descreve as características de Zaqueu. Com aquilo que narra pretende despertar no leitor uma abertura de horizontes para ver a universalidade da salvação em Jesus Cristo, concretamente quando insere Zaqueu na classe dos filhos de Abraão.

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