23.10.08

Conclusio brevis evangelii Sancti Marci



Divido, como a Bíblia dos Capuchinhos, o Evangelho em cinco secções. A primeira (1,1-13) é preliminar ao ministério de Jesus na Galileia: começa por apresentar Jesus Cristo, Filho de Deus, como aquele que é anunciado pelo profeta Isaías. É apresentado João Baptista, que baptizava no rio Jordão um baptismo de arrependimento dos pecados, e até ele vem Jesus de Nazaré para ser baptizado. Nesse momento, o Espírito desce sobre Ele na forma de uma pomba. Depois de ser baptizado, Jesus vai para o deserto, onde é tentado por Satanás.
De seguida, a segunda parte (1,14-7,23) começa com o ministério de Jesus na Galileia. Passando junto do mar, chama a si como discípulos Pedro, André, Tiago e João, e é na companhia deles que efectua uma série de curas milagrosas. Chama também a si pecadores e publicanos, causando uma série de transtornos aos escribas e doutores da Lei, não só por causa disto, mas também pelos seus ensinamentos acerca do jejum e do sábado. Jesus elege então doze dos seus discípulos para o acompanhar mais de perto e com eles prossegue o seu caminho pela Galileia (apesar de ser rejeitado pelo povo da sua aldeia de Nazaré), pregando, através de ensinamentos e parábolas, fazendo curas e causando um certo escândalo.
Na terceira secção (7,24-10,52), Jesus deixa a Galileia e passa por Tiro, Sídon e Decápole. Nesta viagem, continua a curar, exorcizar e entrar em polémica com os fariseus. Em Cesareia de Filipe, Pedro professa a sua fé em Jesus como o Messias, o qual não aceita porém que os discípulos o digam a alguém. Em seguida, Jesus anuncia pela primeira vez a sua Paixão – irá fazê-lo mais duas vezes no caminho para Jerusalém, destino final do caminho encetado a partir do capítulo 10.
A penúltima parte (11,1-13,17) do Evangelho fala do percurso de Jesus em Jerusalém, começando precisamente pela sua entrada messiânica na cidade, em cima de um jumentinho e aclamado pelo povo. Na cidade, entra em conflito com os vendilhões do templo e com os doutores da Lei e escribas, respondendo às suas perguntas e ensinando, por vezes através de parábolas. É ao sair do templo que Jesus anuncia a sua destruição. No Monte das Oliveiras fala aos discípulos acerca da perseguição futura, da destruição de Jerusalém e da vinda do Filho do Homem.
Na última parte (14,1-16,20), fala-se em primeiro lugar da traição de Judas, que vende aos sumos-sacerdotes a localização de Jesus. Este manda os discípulos prepararem o local onde comeriam os doze a Ceia Pascal. No decorrer da ceia, indica que um deles o trairá; depois, toma e distribui pelos discípulos um pão e um cálice com vinho, dizendo que eram o Seu corpo e o Seu sangue – é a instituição da Eucaristia. Ainda antes do fim da ceia, prediz a dispersão dos apóstolos logo após a sua morte e as três negações de Pedro. Depois de orar no Getsémani, aparecem guardas da parte das autoridades judaicas e prendem Jesus, graças à traição de Judas. Os guardas levam Jesus até ao Sinédrio, perante o Sumo-Sacerdote, mantendo-se, de início, em silêncio, até confessar-se como o Messias, Filho de Deus, o que lhe vale ser considerado réu de morte. Jesus é então levado até Pilatos, já que os judeus não tinham poder de o condenar à morte e, entretanto, Pedro nega por três vezes a Jesus. Pilatos, não sem alguma relutância, condena Jesus à morte. É então coroado de espinhos, conduzido até ao Calvário, local da crucifixão, num caminho marcado pelo escárnio quer da parte dos soldados romanos, quer da multidão. Jesus é então crucificado e morre na cruz. José de Arimateia pede a Pilatos o Seu corpo e deposita-o num sepulcro. No dia seguinte, algumas mulheres dirigem-se ao sepulcro mas não encontram o Seu corpo: um jovem vestido de branco diz-lhes que Jesus ressuscitou. Cheias de temor, fogem. Depois disto, Jesus ressuscitado aparece a Maria Madalena e a dois discípulos, até finalmente aparecer aos onze discípulos, ordenando-lhes que fossem pelo mundo inteiro a pregar o evangelho; depois de o dizer, sobe ao Céu e os discípulos partem para pregar por toda a parte.

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