24.10.08

Resumo do Ev de Marcos

O Evangelho de Marcos é o mais breve dos quatro e situa-se no Cânon entre os dois mais extensos Mateus e Lucas e a seguir a Mateus. Marcos foi o primeiro a escrever o Evangelho, Santo Agostinho pensava que o Evangelho de Marcos era um resumo de Mateus e Lucas – por isso, achava que tinha sido o terceiro a ser escrito – é o fundador do género literário Evangelho, hoje, é geralmente considerado o mais antigo dos quatro.
Começa com o baptismo de João (1,4) e termina com a Ascensão do Senhor (16,19).
Podemos dividi-lo em cinco secções:
I. Preparação do ministério de Jesus: (1,1-13);
II. Ministério na Galileia: (1,14-7,23);
III. Viagens por Tiro, Sídon e a Decápole: (7,24-10,52);
IV. Ministério em Jerusalém: (11,1-13,37);
V. Paixão e Ressurreição de Jesus: (14,1-16,20).

O Evangelho é construído a partir do conflito, e nós lemos sem saber o desfecho, ele prende o leitor. Não é um texto de primeiro grau como um jornal, mas sim é como uma ‘novela’, tem vários sentidos e avisa o leitor para ter calma. O Jesus que aparece, é um Jesus cheio de surpresas. No centro do Evangelho está a pessoa de Jesus, sua vida e o projecto messiânico, e está a presença do bem e do mal, da vida e da morte. Ele desmonta as expectativas dos Discípulos e dos leitores, em Mc10,35-45 Jesus troca as voltas aos Discípulos.
Nós sabemos pouco sobre o Evangelho, pois não está assinado. Nós recebemos pela tradição que ele é atribuído a um João Marcos, segundo Papias (1Pe5,13 – Act12,12). Foi escrito para cristãos perseguidos, que viviam em conflito com a sinagoga. A sua finalidade é para ser lido como um relato vocacional, pois era como uma máquina de fazer Discípulos e comunica uma experiência de vida. O Evangelho utiliza a retórica, a parábola, é um género de literatura nova, é uma proclamação de que Jesus é o Cristo, faz uma proclamação narrativa e todas as histórias que conta, transforma o leitor. Marcos tem um plano teológico que é a unidade, é um narrador extra diegético e omnisciente.
É comum afirmar-se que todos os outros Evangelhos, sobretudo os Sinópticos, supõem e utilizaram mais ou menos o texto de Marcos, assim como o seu esquema histórico-geográfico da vida pública de Jesus: Galileia, Viagem para Jerusalém, Jerusalém.
Pode dizer-se, porventura de uma forma demasiado simples, que Marcos se faz espectador com os seus leitores. Como eles, acompanha e vive o drama de Jesus de Nazaré, desenrolado em dois actos, coincidentes com as duas partes deste Evangelho. Ao longo do primeiro, vai-se perguntando: Quem é Ele? Pedro responderá por si e pelos outros, de forma directa e categórica: «Tu és o Messias!» (8,29). O segundo acto pode esquematizar-se com pergunta-resposta: De que maneira se realiza Ele, como Messias? Morrendo e ressuscitando (8,31; 9,31; 10,33-34). O Evangelho de Marcos apresenta-nos, assim, uma Cristologia simples e acessível: Jesus de Nazaré é verdadeiramente o Messias que, com a sua Morte e Ressurreição, demonstrou ser verdadeiramente o Filho de Deus (15,39) que a todos possibilita a salvação. «Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos» (10,45).

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