15.10.08

IV Os personagens Mc 1, 40-45


VI. Os personagens

a) Fazer um inventário dos personagens (individuais ou colectivos) do relato. Que hierarquia se estabelece entre os personagens? Quais são os protagonistas? Quais os secundários? Identificar os personagens redondos (constituídos por vários traços) dos personagens planos (reduzidos a um único traço)
As personagens encontradas neste relato são: Jesus, Leproso e alguns que “vinham procurá-lo. Partindo antes deste relato e supondo que existe uma continuidade entre os dois relatos, não podemos deixar de incluir “Simão e os companheiros” (v. 36) porque não existe nenhuma referencia que diga que ele se tenham separado de Jesus.
O protagonista é Jesus. Várias características de Jesus são referenciadas neste relato sem contar com as inúmeras que o Narrador do evangelho já tinha começado anteriormente a este relato. Os traços que nos fazem caracterizar Jesus como personagem redondo são:
41Compadecido, Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse:
43E logo o despediu, dizendo-lhe em tom severo:
A questão que o leproso faz inicialmente a Jesus faz com que a atenção não caia sobre ele que está a falar mas em Jesus.
Como personagem secundária temos o Leproso. Este também pode caracterizar por personagem plano porque apenas sabemos que ele era leproso. Não temos mais nenhuma referência directa sobre os traços dele ou até mesmo o seu nome. Porém, indirectamente sabemos algumas características do leproso: era corajoso: por se ter chegado até Jesus contra todos, e não era muito obediente aos mandatos que lhe faziam.

b) Como se colocam os personagens ao serviço da intriga? (Emissor/ Destinatário; Sujeito/ Objecto; Oponente/ Adjuvante).
Em quase toda a intriga as personagens são Adjuvantes à revelação do Evangelho. Porém, o leproso, depois de ser purificado, toma uma posição de oponente por ir contra a uma ordem de Jesus. O leproso e os que o ouviram a gritar são os destinatários da Boa nova acontecida sob o leproso.

c) Como constrói o narrador os personagens?
Este pequeno relato não revela muitas características as personagens.
Sobre Jesus aparece apenas o seu nome referido.
Os companheiros de Jesus nem sequer são referidos, mas pelo que está antes e depois deste relato não existe nada que tinha que eles tenham saído e depois entrado em “cena”.
Sobre o leproso não sabemos nada sobre ele senão a sua condição débil e o seu agir. Por aqui sabemos que ele era: antes de tudo um homem de fé (por ter ido até Jesus (cf v. 40)), um pouco descarado: por dar a Jesus a condição da sua cura (cf. v.40) e bastante festivo/grato por, reconhecendo a acção de Deus na sua vida, ter proclamado indo contra o mandamento de Jesus.
As pessoas apenas existe a referencia que iam ter com ele. Possivelmente eram para ser curados visto que se trata desse tema nesta “área” do evangelho.

Telling: nome, Informações:
Jesus: “Jesus estendeu a mão, tocou-o” (v.41)
Leproso: “Um leproso”(v.40)
Pessoas
Companheiros de Jesus

Showing: o agir da personagem:

Jesus: Compadecido, Jesus (v. 41)
Leproso
“caiu de joelhos e suplicou:” (v.40)
“suplicou: «Se quiseres, podes purificar-me.»” (v.40)
“assim que se retirou, começou a proclamar” (v. 45)
Pessoas “E de todas as partes iam ter com Ele”
Discipulos

d) Seguir as transformações dos personagens:
Como se constroem e modificam através do relato das seus identidades?
Jesus: existe neste relato uma referência à humanidade de Jesus. Esta dá um novo relevo à pessoa de Jesus e igualmente a todo o contexto do evangelho. Jesus deixa de ser aquele que Cura e toma uma nova característica ou, melhor dizendo, revela uma nova identidade: Ele fica : “profundamente compadecido”.
Leproso: Se em Jesus existe uma transformação interior que o narrador faz revelar. No leproso existe uma transformação Física. Deixa de Ser Leproso, deixa de estar fora da vida social.

Quem ou o quê provoca a transformação?
Quem provoca a transformação do Leproso é Jesus.
Quem provoca a intenção de o narrador puder dizer a transformação de Jesus é o Leproso.

Qual é a relação do personagem com o seu passado?

Que sentimentos (empatia, simpatia, antipatia) o relato desperta a respeito das personagens?

A meu ver, o grande sentimento que é revelado é a proximidade de Jesus. Jesus compadece-se, toca e cura. Outro ponto a referir é do segredo. Jesus não procura a sua van-glória, mas deseja revelar o Reino dos Céus.

e) Observar o jogo das focalizações ao longo do texto,
Temos acesso à interioridade de um personagem (focalização interna)?
Mc 1, 40: 41Compadecido


Deixa-se ver o que sucede tal como poderia observá-lo o leitor (focalização externa)?
Mc 1, 40-45
“40Um leproso veio ter com Ele, caiu de joelhos e suplicou: «Se quiseres, podes purificar-me.»” 41Compadecido, Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: «Quero, fica purificado.» 42Imediatamente a lepra deixou-o, e ficou purificado. 43E logo o despediu, dizendo-lhe em tom severo: 44«Livra-te de falar disto a alguém; vai, antes, mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que foi estabelecido por Moisés, a fim de lhes servir de testemunho.» 45Ele, porém, assim que se retirou, começou a proclamar e a divulgar o sucedido, (…) ficava fora, em lugares despovoados. E de todas as partes iam ter com Ele.


Permite-se o avesso a um suplemento de informação que domina o espaço e o tempo (focalização zero)?
Mc 1, 45: a ponto de Jesus não poder entrar abertamente numa cidade;

Do ponto de vista do que se sabe, a posição do leitor é superior, igual ou inferior à dos personagens?
A posição do leitor é sempre mais rica de quem está a viver dentro. O narrador faz questão de sabermos principalmente pela focalização interna. Sabemos os sentimentos das personagens.

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