9.10.08

Velocímetro transfigurativo


A Transfiguração, segundo Lucas (Lc 9,28-36) – A temporalidade

As variações de velocidade do relato da transfiguração são as seguintes:

Uns oito dias depois destas palavras, levando consigo Pedro, João e Tiago, Jesus subiu ao monte para orar. - sumário – aqui o tempo do relato é inferior ao tempo da história

Enquanto orava, o aspecto do seu rosto modificou-se, e as suas vestes tornaram-se de uma brancura fulgurante. E dois homens conversavam com Ele: Moisés e Elias, os quais, aparecendo rodeados de glória, falavam da sua morte, que ia acontecer em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam a cair de sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele. Quando eles iam separar-se de Jesus, Pedro disse-lhe: «Mestre, é bom estarmos aqui. Façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias.» - aqui trata-se de uma cena, visto que o tempo do relato coincide com o tempo da história.

Não sabia o que estava a dizer. – pausa descritiva – aqui o tempo da história é nulo, nada se passa.

Enquanto dizia isto, surgiu uma nuvem que os cobriu e, quando entraram na nuvem, ficaram atemorizados. E da nuvem veio uma voz que disse: «Este é o meu Filho predilecto. Escutai-o.» Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou só. – mais uma cena.

Os discípulos guardaram silêncio e, naqueles dias, nada contaram a ninguém do que tinham visto. - sumário

Há uma anacronia presente no texto, mais concretamente um prolepse, ou seja, uma antecipação de um acontecimento ulterior. Tal acontece quando se diz que «guardaram silêncio e, naqueles dias, nada contaram a ninguém do que tinham visto» - o narrador está já a dizer algo acerca dos dias subsequentes.
O relato é singulativo, pois conta apenas uma vez um acontecimento único da história.

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