10.10.08

CONTINUAÇÃO DA ANÁLISE DO EPISODIO: Mt 4, 1-11:Tentações no deserto

Modalidades da acção

Em todo este relato Jesus é conduzido, é um sujeito passivo sobre o qual recaem todas as acções: no v.1, a acção é realizada pelo Espírito que é o agente que o conduz ao deserto. Nas três tentações sucessivas a iniciativa parte sempre do diabo que se aproxima e interpela Jesus na primeira v.3, leva-o à Cidade Santa e volta a tentá-lo na segunda vs.5-6 e leva-o a um monte muito alto tentando-o novamente na terceira vs.8-9, embora Jesus reaja a cada uma respondendo inconformadamente, não é ele que toma a iniciativa da acção. No fim também são os anjos que se aproximam de Jesus v.11.

Intriga

Neste relato a intriga é de resolução, pois no centro está a revelação de Jesus que superando cada uma das tentações vai aumentando o grau de conhecimento sobre a sua pessoa.

Personagens

Espírito: personagem plano, não é definido por nenhuma característica, apenas age sobre Jesus v.1. é adjuvante porque ajuda à Jesus na revelação.
Jesus: personagem redondo; é o personagem principal, personagem objecto que recebe a iniciativa da acção de todos os outros personagens vs.1.3.5-6.8-9.11
Satanás: personagem redondo; neste relato é co-protagonista com Jesus e também tem abundantes rasgos definidores: é o tentador v.3, conhece a escritura v.6, tem poder e riqueza sobre o mundo vs.8-9. é o personagem sujeito neste relato, oponente por excelência à revelação de Jesus embora pela negativa poderia considerar-se adjuvante
Anjos de Deus: personagem plano, como o Espírito, apenas servem Jesus v.11. adjuvante.

Enquadramento

O relato tem uma grande dinâmica no enquadramento espacial: começa no deserto v.1 indicativo da mais absoluta solidão; na segunda tentação há uma transposição para a Cidade Santa e o pináculo do templo v.5; e na terceira para um monte muito alto do qual pode observar todos os reinos do mundo com o seu esplendor v.8.

Temporalidade

Começa o relato com um indicativo de tempo mortal: 40 dias e 40 noites v.2. que é indicativo da humanidade de Jesus até porque durante esse tempo todo jejua e depois tem fome. Nesta primeira fase não há correspondência entre o tempo real do relato e o tempo indicado. Depois encontramos as 3 cenas das tentações onde o tempo que leva a contar pode considerar-se igual ao tempo do próprio acontecimento vs. 3-10.

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