3.11.08

Resumo do Evangelho de Marcos

Marcos inicia o Evangelho com a afirmação de que a sua narração é o evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus, o que deixa de antemão a descoberto que a chave de leitura para todo o texto é esta consciência de que de facto, Jesus é o Filho de Deus e não um homem qualquer. Jesus é pré-anunciado por João Baptista e Marcos conta-nos a Sua vida a partir do seu ministério apenas. É em todo o agir de Jesus, que transparece a Sua verdadeira identidade. Na maneira como ensina, como cura os doentes, como chama os discípulos e como rompe com a concepção tradicional tão fortemente marcada nos escribas e fariseus. Jesus é particularmente radical e inovador na forma com que se relaciona com os pecadores e com aqueles que são os excluídos da sociedade judaica, na qual Ele se insere, mas onde rasga uma dinâmica que revela o Reino de Deus. Jesus faz com aqueles que o seguem, um caminho, no qual, eles se interrogam muitas vezes da plausibilidade do discurso e da acção de Jesus, a ponto de não terem desde logo assente de forma clara quem é aquele homem, a quem os demónios obedecem e que os interpela a confiarem n´Ele a segui-l´O por onde quer que vá, começando na Galileia, mas prosseguindo a Sua missão para fora dela, posteriormente. Jesus vai evidenciando traços da meta da Sua missão, que nem sempre são captados pelos que O seguem mais de perto, mas Jesus continua pacientemente a apontar para isso, não se indignando com a impercepção dos discípulos. Coloca-lhes as condições para O seguir e clarifica as directivas do caminho que oferece, assegurando de quem o fizer não será esquecido, nem o seu gesto terá sido em vão. Num segundo momento, Jesus entra em Jerusalém, que será o local da Sua Paixão. Jesus caminha a passos largos para o ponto máximo da Sua missão e ao mesmo tempo, da Sua revelação, que não será logo compreendida pelos discípulos. Marcos privilegia nesta altura, as conversas de Jesus com os seus discípulos, incitando-os a permanecer com Ele, ainda que as dúvidas os assaltem. A traição de Judas desencadeia uma etapa final, em que Jesus aceitará de forma voluntária a morte, perante a qual, os discípulos fogem. Pedro inclusive, nega-o e só no rescaldo do acontecimento e com a Ressurreição se vai fazer luz, no pensamento dos discípulos, que passam então a compreender que a vida de Jesus havia sido em clima de cruz. Finalmente o final de Marcos é determinante, pois ao contrário do que se poderia pensar, não pretende deixar as coisas resolvidas; limita-se a acentuar o novo estado da relação dos discípulos com Jesus e o que isso constituiu na vida deles, deixando a pairar no ar esta questão do que significa seguir este Jesus, que, conforme, é dito, em três momentos chave do evangelho, é verdadeiramente o Filho de Deus.

Nenhum comentário: