23.11.08

Comparar Situação dos Milagres nos Três Sinópticos

Comparar onde aparecem os milagres, na história de cada um dos evangelhos Sinópticos (da Bíblia de Jerusalém)
1, Cura de um endemoninhado em Cafarnaum:
Mc, 1, 21-28, aparece em II. O ministério de Jesus na Galileia, após a vocação dos quatro primeiros discípulos enquanto Lc , 4, 31-37 aparece em III do mesmo Ministério quando desceu de Nazaré para a Galileia.
2, A cura da sogra de Pedro:
Mc, 1, 29-31,parte II,sucede imediatamente a seguir à cura do endemoninhado na sinagoga de Cafarnaum enquanto Mt, 8, 14-15, parte III. A pregação do Reino dos Céus, depois da cura do servo de um centurião e Lc, 4, 38-39, parteIII, seguidamente ao ter falado, em analepse, do envio de Elias a uma viúva de Sarepta e da cura do sírio Naaman através de Eliseu.
3, O leproso galileu
Mc, 1, 40-45, parte II, aparecendo depois da procura que todos lhe fizeram tendo-o encontrado em lugar deserto, em oração, enquanto Mt, 8, 1-4, parteIII, descia da montanha, na “parte narrativa de dez milagres” e em Lc, 5, 12-16, parte III, após chegarem a terra depois da pesca milagrosa em que Simão Pedro pede para que Jesus se afaste porque é pecador e Jesus lhe responde: “doravante serás pescador de homens”.
4, O paralítico de Cafarnaum
Mc, 2, 1-12,parte II, depois da cura do leproso, não havendo lugar à porta por causa da multidão, desceram-no por um buraco aberto no teto da casa, seguindo-se Mt, 9, 1-8, parte III, depois da cura dos endemoninhados gadarenos e Lc, 5, 17-26, parte III, aqui, depois da cura do leproso
5, O homem da mão paralisada
Mc, 3, 1-6, continuamos em II. Ministério de Jesus na Galileia, após as espigas arrancadas pelos discípulos em sábado e Jesus a dizer: “o sábado foi feito para o homem [,..], então Jesus faz esta cura ao entrar de novo na sinagoga; em Mt, 12, 9-14 parte IV. O mistério do Reino dos Céus, é também após o arranque das espigas em sábado e em Lc, 6, 6-11, na parte III. Ministério de Jesus na Galileia igualmente após as espigas arrancadas em sábado.
6, A tempestade acalmada
Mc, 4, 35-41 continuamos em II, depois da conclusão de algumas parábolas; em Mt, 8, 23-27, parte III, em que Jesus entra num barco com os discípulos, adormece e vem uma tempestade que varria o barco com as ondas e finalmente em Lc, 8, 22-25, parte III, após a cena dos verdadeiros parentes de Jesus.
7, O homem endemoninhado geraseno da Decápole
Mc, 5, 1-20, da parte II, após a tempestade acalmada; em Mt, 8, 28-34 de III, também após a tempestade acalmada e em Lc, 8, 26-39, em III, após a tempestade acalmada.
8, A ressurreição da filha de Jairo
Mc, 5, 21-24.35-43, continuamos em II, após o milagre do endemoninhado geraseno em sandwich com a hemorroissa; em Mt, 9, 18-19.23-26, parte III, em sandwich com a hemorroissa e após discussão sobre o jejum com os discípulos de João e os fariseus e Lc, 8, 40-42.49-56, parte III, também em sandwich com o mesmo milagre e depois da cura do endemoninhado geraseno.
9, A hemorroissa
Mc, 5, 24-34, continua na parte II, em sandwich com a filha de Jairo e restante como o anterior; Mt, 9,20-22,parte III, em tudo como o anterior e Lc 8, 43-48, parte III e tudo como anteriormente.
10, Multiplicação dos pães
-Mc, 6, 32-34, mesma parte II, após a decapitação de João Baptista e a reunião com os discípulos que contaram o que tinham feito e ensinado e em seguida, foram de barco para um lugar deserto e afastado onde se juntou grande multidão; Mt, 14,13-21, da parte V, A Igreja, primícias do Reino dos Céus, depois da decapitação de João Baptista e de terem seguido, por barco, para um lugar deserto e Lc 9, 10-17, parte III, em que se tinham deslocado para o lado de Betsaida em lugar deserto.
-Mc, 8, 1-10, da parte III. Viagens de Jesus fora da Galileia, depois da cura de um surdo gago e Mt, 15, 32-39, da parte V. A Igreja primícias do reino dos Céus depois de numerosas curas junto ao lago ou mar da Galileia.
11, Jesus caminha sobre as águas
Mc, 6, 45-52, da parte II, em que Jesus foi à montanha para orar, forçando seus discípulos a afastarem-se antes dele para Betsaida e depois foi ter com eles sobre o mar e Mt, 14, 22-33,parte V, em que foi ter com os discípulos à quarta vigília da noite caminhando sobre o mar.
12, A filha sírio-fenícia
Mc, 7, 24-30, da parte III, no território de Tiro, onde se deslocou com os discípulos, após o ensinamento sobre o puro e o impuro e Mt, 15, 21-28, parte V, também após o ensinamento já referido.
13, O surdo-mudo da Decápole
Mc, 7, 31-37, da parte III, seguidamente à cura da filha da sírio-fenícia e depois da saída do território deTiro passando por Sidónia em direcção ao mar da Galileia.
14, O cego de Betsaida
Mc, 8, 22-26,parte III, chegando a Betsaida depois da incredulidade por não terem levado pão e de Jesus os repreender com os milagres da multiplicação dizendo, “nem assim compreendeis”?
15, O rapaz epiléptico e possesso
Mc, 9, 14-29, parte III, milagre que se segue à Transfiguração e à palavra de Jesus sobre Elias; Mt, 17, 14-20, parte V, aqui também se segue ao milagre da Transfiguração e à palavra de Jesus sobre Elias e que ao falar sobre o sofrimento do Filho do Homem os discípulos interpretam como referindo-se a João Baptista e finalmente, Lc 9, 37-43a, parte III, em que sucede de imediato à descida da montanha após a Transfiguração.
16, Bartimeu , cego de Jericó
Mc, 10, 46-52, parte III, que sucede à resposta de Jesus a Tiago e João dizendo: “quem quer ser grande,seja o vosso servidor, […] pois o Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir”; Mt, 20, 29-34, fala em dois cegos de Jericó, inominados, que ouvindo Jesus passar, puseram-se a gritar “Senhor , filho de David, tem compaixão de nós”, que sucede também à palavra de Jesus como o anterior e Lc, 18, 35-43, parte IV.A subida para Jerusalém, fala de um cego, sem nome, que recorre à mesma forma de pedido e é curado, sucedendo aqui, ao terceiro anúncio da paixão.
Nota:este é o último milagre de Jesus relatado em Mc
17, O empregado do centurião de Cafarnaum
Mt, 8,5-13, parte III, após a cura de um leproso que se aproximou de Jesus ao descer da montanha e ao entrar em Cafarnaum recebe o pedido do centurião para a cura do seu servo e Lc, 7, 1-10, parte III, em que o centurião solicita a cura do seu servo, enviando- lhe alguns anciãos do povo judeu, sendo este milagre referido após a palavra de Jesus sobre a casa construída sem alicerce, que a torrente faz de imediato dasabar.
18, O mudo possesso
Mt, 9, 32-34,prte III, que se segue à cura dos dois cegos, referidos em 16 e
Lc, 11, 14-15, parteIV, logo depois da palavra de Jesus sobre a eficácia da oração, e em que aqui, Jesus, segundo alguns escribas e fariseus expulsava os demónios por Belzebu.
2ª Nota: alem dos milagres referidos, Lc ainda conta mais cinco
19, A pesca milagrosa
Lc 5, 1-11, parte III, em que Jesus deixando Cafarnaum e percorrendo a Judeia chega de novo a Genesaré e se afasta no barco de Simão para o largo.
20, O filho da viúva de Naim
Lc, 7, 11-17, parte III, este milagre vem a seguir ao da cura do servo do centurião tendo-se difundido por toda a Judeia inteira.
21, A mulher encurvada
Lc, 13, 10-17, parteIV, esta cura sucedendo em sábado em que o chefe da sinagoga indignado, diz que há seis dias para as curas e não ao sábado e sucede-se, à parábola da figueira estéril que de novo deve ser adubada.
22, O hidrópico
Lc 14, 1-6, parteIV, depois da palavra sobre Jerusalém, em que a cura é não só feita em sábado come em casa de um fariseu onde fora tomar uma refeição.
23, Os 10 leprosos
Lc, 17, 11-19, parte IV, depois da palavra de Jesus para servir com humildade, ao caminhar para Jerusalém e ainda na Galileia ao entrar num povoado cura 10 leprosos e depois, só o estrangeiro, volta para lhe agradecer.

Um comentário:

Reveque disse...

Foi então, no século XVIII, descoberto o assim chamado problema sinóptico. O estudo crítico demonstrou que no texto dos evangelhos há divergências e diferenças que evidenciam o trabalho do pessoal do escritor, sem deixar de lado a inspiração divina. Desde então, os exegetas se viram na contingência de considerar o Evangelho como um livro escrito por homens, que têm suas qualidades e seus defeitos, e estão sujeitos também à crítica. O problema sinóptico se funda na constatação de que estes Evangelhos têm muitos aspectos em comum; por outro lado, têm também muitas diferenças. As semelhanças chegam a ser desde palavras a textos inteiros. As diferenças estão no fato de alguns narrarem certos detalhes e outros omitirem, além de haver discrepâncias em alguns detalhes.
Devemos compreender os milagres de Jesus num contexto do anúncio do Reino de Deus: "Mas, se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso demónios, então já chegou a vós o Reino de Deus " (Mt 12,28). Os gestos de Jesus, sinais do Espírito de Deus, põem termo ao domínio de Satanás e introduz a certeza da salvação. Reino e milagres são realidades inseparáveis. Os milagres de Jesus não eram fruto de técnicas (como um médico) ou da actuação de demónios ou anjos (como um mago), mas o resultado do poder sobrenatural do Espírito de Deus.
Portanto, Jesus fez milagres para confirmar que o Reino de Deus estava presente n'Ele, anunciar a derrota definitiva de Satanás e aumentar a fé em sua Pessoa. Não podemos explicar como prodígios assombrosos mas e sim como actuações do próprio Deus, com um significado mais profundo que o próprio feito prodigioso. Os milagres sobre a natureza são sinais de que o poder divino que actua em Jesus estende-se para além do mundo humano e manifesta-se como poder de domínio também sobre as forças da natureza. Os milagres de cura são sinais de que Jesus manifestou Seu poder de salvar o homem do mal que ameaça a sua natureza. Uns e outros são sinais de outras realidades espirituais, por exemplo: as curas do corpo – a libertação da escravidão da enfermidade - significam a cura da alma da escravidão do pecado; o poder de expulsar o demónio indica a vitória de Cristo sobre o mal; a multiplicação dos pães faz referência ao dom da Eucaristia; a tempestade acalmada é um convite para confiar em Cristo nos momentos tempestuosos e difíceis; a ressurreição de Lázaro anuncia que Cristo é a própria ressurreição e é a figura da ressurreição final.