Comparar onde aparecem os milagres, na história de cada um dos evangelhos Sinópticos (da Bíblia de Jerusalém)
1, Cura de um endemoninhado em Cafarnaum:
Mc, 1, 21-28, aparece em II. O ministério de Jesus na Galileia, após a vocação dos quatro primeiros discípulos enquanto Lc , 4, 31-37 aparece em III do mesmo Ministério quando desceu de Nazaré para a Galileia.
2, A cura da sogra de Pedro:
Mc, 1, 29-31,parte II,sucede imediatamente a seguir à cura do endemoninhado na sinagoga de Cafarnaum enquanto Mt, 8, 14-15, parte III. A pregação do Reino dos Céus, depois da cura do servo de um centurião e Lc, 4, 38-39, parteIII, seguidamente ao ter falado, em analepse, do envio de Elias a uma viúva de Sarepta e da cura do sírio Naaman através de Eliseu.
3, O leproso galileu
Mc, 1, 40-45, parte II, aparecendo depois da procura que todos lhe fizeram tendo-o encontrado em lugar deserto, em oração, enquanto Mt, 8, 1-4, parteIII, descia da montanha, na “parte narrativa de dez milagres” e em Lc, 5, 12-16, parte III, após chegarem a terra depois da pesca milagrosa em que Simão Pedro pede para que Jesus se afaste porque é pecador e Jesus lhe responde: “doravante serás pescador de homens”.
4, O paralítico de Cafarnaum
Mc, 2, 1-12,parte II, depois da cura do leproso, não havendo lugar à porta por causa da multidão, desceram-no por um buraco aberto no teto da casa, seguindo-se Mt, 9, 1-8, parte III, depois da cura dos endemoninhados gadarenos e Lc, 5, 17-26, parte III, aqui, depois da cura do leproso
5, O homem da mão paralisada
Mc, 3, 1-6, continuamos em II. Ministério de Jesus na Galileia, após as espigas arrancadas pelos discípulos em sábado e Jesus a dizer: “o sábado foi feito para o homem [,..], então Jesus faz esta cura ao entrar de novo na sinagoga; em Mt, 12, 9-14 parte IV. O mistério do Reino dos Céus, é também após o arranque das espigas em sábado e em Lc, 6, 6-11, na parte III. Ministério de Jesus na Galileia igualmente após as espigas arrancadas em sábado.
6, A tempestade acalmada
Mc, 4, 35-41 continuamos em II, depois da conclusão de algumas parábolas; em Mt, 8, 23-27, parte III, em que Jesus entra num barco com os discípulos, adormece e vem uma tempestade que varria o barco com as ondas e finalmente em Lc, 8, 22-25, parte III, após a cena dos verdadeiros parentes de Jesus.
7, O homem endemoninhado geraseno da Decápole
Mc, 5, 1-20, da parte II, após a tempestade acalmada; em Mt, 8, 28-34 de III, também após a tempestade acalmada e em Lc, 8, 26-39, em III, após a tempestade acalmada.
8, A ressurreição da filha de Jairo
Mc, 5, 21-24.35-43, continuamos em II, após o milagre do endemoninhado geraseno em sandwich com a hemorroissa; em Mt, 9, 18-19.23-26, parte III, em sandwich com a hemorroissa e após discussão sobre o jejum com os discípulos de João e os fariseus e Lc, 8, 40-42.49-56, parte III, também em sandwich com o mesmo milagre e depois da cura do endemoninhado geraseno.
9, A hemorroissa
Mc, 5, 24-34, continua na parte II, em sandwich com a filha de Jairo e restante como o anterior; Mt, 9,20-22,parte III, em tudo como o anterior e Lc 8, 43-48, parte III e tudo como anteriormente.
10, Multiplicação dos pães
1ª -Mc, 6, 32-34, mesma parte II, após a decapitação de João Baptista e a reunião com os discípulos que contaram o que tinham feito e ensinado e em seguida, foram de barco para um lugar deserto e afastado onde se juntou grande multidão; Mt, 14,13-21, da parte V, A Igreja, primícias do Reino dos Céus, depois da decapitação de João Baptista e de terem seguido, por barco, para um lugar deserto e Lc 9, 10-17, parte III, em que se tinham deslocado para o lado de Betsaida em lugar deserto.
2ª -Mc, 8, 1-10, da parte III. Viagens de Jesus fora da Galileia, depois da cura de um surdo gago e Mt, 15, 32-39, da parte V. A Igreja primícias do reino dos Céus depois de numerosas curas junto ao lago ou mar da Galileia.
11, Jesus caminha sobre as águas
Mc, 6, 45-52, da parte II, em que Jesus foi à montanha para orar, forçando seus discípulos a afastarem-se antes dele para Betsaida e depois foi ter com eles sobre o mar e Mt, 14, 22-33,parte V, em que foi ter com os discípulos à quarta vigília da noite caminhando sobre o mar.
12, A filha sírio-fenícia
Mc, 7, 24-30, da parte III, no território de Tiro, onde se deslocou com os discípulos, após o ensinamento sobre o puro e o impuro e Mt, 15, 21-28, parte V, também após o ensinamento já referido.
13, O surdo-mudo da Decápole
Mc, 7, 31-37, da parte III, seguidamente à cura da filha da sírio-fenícia e depois da saída do território deTiro passando por Sidónia em direcção ao mar da Galileia.
14, O cego de Betsaida
Mc, 8, 22-26,parte III, chegando a Betsaida depois da incredulidade por não terem levado pão e de Jesus os repreender com os milagres da multiplicação dizendo, “nem assim compreendeis”?
15, O rapaz epiléptico e possesso
Mc, 9, 14-29, parte III, milagre que se segue à Transfiguração e à palavra de Jesus sobre Elias; Mt, 17, 14-20, parte V, aqui também se segue ao milagre da Transfiguração e à palavra de Jesus sobre Elias e que ao falar sobre o sofrimento do Filho do Homem os discípulos interpretam como referindo-se a João Baptista e finalmente, Lc 9, 37-43a, parte III, em que sucede de imediato à descida da montanha após a Transfiguração.
16, Bartimeu , cego de Jericó
Mc, 10, 46-52, parte III, que sucede à resposta de Jesus a Tiago e João dizendo: “quem quer ser grande,seja o vosso servidor, […] pois o Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir”; Mt, 20, 29-34, fala em dois cegos de Jericó, inominados, que ouvindo Jesus passar, puseram-se a gritar “Senhor , filho de David, tem compaixão de nós”, que sucede também à palavra de Jesus como o anterior e Lc, 18, 35-43, parte IV.A subida para Jerusalém, fala de um cego, sem nome, que recorre à mesma forma de pedido e é curado, sucedendo aqui, ao terceiro anúncio da paixão.
Nota:este é o último milagre de Jesus relatado em Mc
17, O empregado do centurião de Cafarnaum
Mt, 8,5-13, parte III, após a cura de um leproso que se aproximou de Jesus ao descer da montanha e ao entrar em Cafarnaum recebe o pedido do centurião para a cura do seu servo e Lc, 7, 1-10, parte III, em que o centurião solicita a cura do seu servo, enviando- lhe alguns anciãos do povo judeu, sendo este milagre referido após a palavra de Jesus sobre a casa construída sem alicerce, que a torrente faz de imediato dasabar.
18, O mudo possesso
Mt, 9, 32-34,prte III, que se segue à cura dos dois cegos, referidos em 16 e
Lc, 11, 14-15, parteIV, logo depois da palavra de Jesus sobre a eficácia da oração, e em que aqui, Jesus, segundo alguns escribas e fariseus expulsava os demónios por Belzebu.
2ª Nota: alem dos milagres referidos, Lc ainda conta mais cinco
19, A pesca milagrosa
Lc 5, 1-11, parte III, em que Jesus deixando Cafarnaum e percorrendo a Judeia chega de novo a Genesaré e se afasta no barco de Simão para o largo.
20, O filho da viúva de Naim
Lc, 7, 11-17, parte III, este milagre vem a seguir ao da cura do servo do centurião tendo-se difundido por toda a Judeia inteira.
21, A mulher encurvada
Lc, 13, 10-17, parteIV, esta cura sucedendo em sábado em que o chefe da sinagoga indignado, diz que há seis dias para as curas e não ao sábado e sucede-se, à parábola da figueira estéril que de novo deve ser adubada.
22, O hidrópico
Lc 14, 1-6, parteIV, depois da palavra sobre Jerusalém, em que a cura é não só feita em sábado come em casa de um fariseu onde fora tomar uma refeição.
23, Os 10 leprosos
Lc, 17, 11-19, parte IV, depois da palavra de Jesus para servir com humildade, ao caminhar para Jerusalém e ainda na Galileia ao entrar num povoado cura 10 leprosos e depois, só o estrangeiro, volta para lhe agradecer.
23.11.08
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Um comentário:
Foi então, no século XVIII, descoberto o assim chamado problema sinóptico. O estudo crítico demonstrou que no texto dos evangelhos há divergências e diferenças que evidenciam o trabalho do pessoal do escritor, sem deixar de lado a inspiração divina. Desde então, os exegetas se viram na contingência de considerar o Evangelho como um livro escrito por homens, que têm suas qualidades e seus defeitos, e estão sujeitos também à crítica. O problema sinóptico se funda na constatação de que estes Evangelhos têm muitos aspectos em comum; por outro lado, têm também muitas diferenças. As semelhanças chegam a ser desde palavras a textos inteiros. As diferenças estão no fato de alguns narrarem certos detalhes e outros omitirem, além de haver discrepâncias em alguns detalhes.
Devemos compreender os milagres de Jesus num contexto do anúncio do Reino de Deus: "Mas, se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso demónios, então já chegou a vós o Reino de Deus " (Mt 12,28). Os gestos de Jesus, sinais do Espírito de Deus, põem termo ao domínio de Satanás e introduz a certeza da salvação. Reino e milagres são realidades inseparáveis. Os milagres de Jesus não eram fruto de técnicas (como um médico) ou da actuação de demónios ou anjos (como um mago), mas o resultado do poder sobrenatural do Espírito de Deus.
Portanto, Jesus fez milagres para confirmar que o Reino de Deus estava presente n'Ele, anunciar a derrota definitiva de Satanás e aumentar a fé em sua Pessoa. Não podemos explicar como prodígios assombrosos mas e sim como actuações do próprio Deus, com um significado mais profundo que o próprio feito prodigioso. Os milagres sobre a natureza são sinais de que o poder divino que actua em Jesus estende-se para além do mundo humano e manifesta-se como poder de domínio também sobre as forças da natureza. Os milagres de cura são sinais de que Jesus manifestou Seu poder de salvar o homem do mal que ameaça a sua natureza. Uns e outros são sinais de outras realidades espirituais, por exemplo: as curas do corpo – a libertação da escravidão da enfermidade - significam a cura da alma da escravidão do pecado; o poder de expulsar o demónio indica a vitória de Cristo sobre o mal; a multiplicação dos pães faz referência ao dom da Eucaristia; a tempestade acalmada é um convite para confiar em Cristo nos momentos tempestuosos e difíceis; a ressurreição de Lázaro anuncia que Cristo é a própria ressurreição e é a figura da ressurreição final.
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